quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Um mês depois...

Poderia voltar a escrever tanta coisa, poderia voltar a dizer o tamanho das minhas saudades. Podia descrever o pormenor de cada mês da minha gravidez... Mas já não consigo. Guardei de tal forma cada momento, cada pontapé, cada ecografia, cada som do coração dentro de mim. Não consigo mais proferir palavras de dor e tristeza. Eu quero lembrar-me sempre das coisas boas que passei durante os nove meses. Desejava imensamente tê-lo comigo, mas em cada palavra escrita não o traz de volta. Há dias em que a dor não passa, destrói-me e sufoca, e nesses dias eu não consigo dizer nada, e por mais forte que eu me mostre e guarde toda a dor dentro de mim, ela mata-me como mil vidros espetados no meu coração. Não quero mostrar que estou a sofrer, quero sorrir... Mas não consigo. Sinto tanto a falta do meu pequeno anjo. Existem dias que penso que fiz coisas que nunca deveria ter feito, se calhar não conseguiria mudar o destino e tê-lo aqui comigo, ou talvez não. Ao longo do tempo percebo que o destino afinal não está traçado, é o futuro reservados das consequências do presente. O destino somos nós que o estamos a fazer hoje. E então penso, a culpa disto é minha? Será que eu podia ter mudado tudo e ele estar aqui comigo agora? 
São tantos os pensamentos que percorrem na minha cabeça, são tantas as opiniões vagas que me dão, que com cada uma delas só me apetece gritar e pedir para parar... Sei que vou viver o resto da minha vida com um turbilhão de dúvidas na minha cabeça. E por mais tempo que passe, por mais dias e meses que passem eu nunca, mas nunca vou conseguir apagar as memórias dentro de mim, nunca vou esquecer, e vai doer sempre, todos os dias. O tempo ajuda a amenizar, mas jamais apaga.
E agora, depois de um mês, só queria que tudo fosse diferente. E apesar de saber que estou a lidar bem com a situação, apesar de eu ter mudado cem por cento e já não ser a mesma pessoa, queria que o pesadelo acabasse e nada disto fosse como está a ser... Já consigo escrever sem chorar, já consigo pensar nele e sorrir, e quando olho o céu e o vejo já consigo sorrir, mas sempre com o coração apertado e repleto de saudade...
O tempo não volta atrás...

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