Quatro meses depois...

É estranho não é? O tempo passa tão mas tão depressa. Lembro-me de estar exactamente neste lugar à um mês atrás a escrever sobre ti. Mas lembro-me mais ainda de estar nesta mesma cama, neste mesmo quarto à quatro meses atrás... E a esta hora estava preocupada porque estava com contracções de uma em uma hora, sabia que estavas prestes a nascer, mas isso não me tirava a calma. Consegui adormecer na esperança que tu esperasses pelo papá para nascer, era tudo o que eu mais queria. Ele andava tão triste por não poder acompanhar tanta coisa... Mas o sonho desmoronou-se...

Sei que não lês estas palavras porque és um bebezinho muito frágil, mas sei que sentes cada palavra que eu escrevo, sei que cada pensamento que eu te transmito tu sentes... 

Sei que ainda estou muito presa a ti, mas como é possível não estar? Para mim a minha vida não tem outro sentido senão este, falar contigo, poderia fazê-lo sem escrever, poderia falar apenas, mas assim eu estou bem, eu sinto-me bem, e sei que sou muito mais feliz a lembrar-me de ti. 

Estou a passar pela fase de arrependimento de não te ter visto... Tento abstrair-me disto meu filho, sempre disse que foi o melhor para mim, mas há dias que não consigo acreditar nisso, o facto de desejar tanto ter-te aqui impede-me de arrancar este arrependimento que se apoderou de mim... Mas não quero, não quero mesmo sequer pensar nessa hipótese.

Continuo a amar-te como amei desde o primeiro segundo que te descobri. És a minha vida...

A cada mês as palavras são cada vez menos, será isto mau? Será que daqui a um, dois meses não saberei o que te dizer meu amor? Espero mesmo que não.

Quero e vou continuar ligada a ti, PARA SEMPRE.

AMO-TE MUITO MEU FILHO, FRANCISCO

Já passaram quatro meses...