quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Desabafo #14

Hoje perdi a conta à quantidade de vezes que quis escrever e perdi a coragem... Realmente não sei o que se passa dentro de mim que não me está a deixar expressar... Sou uma pessoa que anda sempre com a cabeça a mil e consigo escrever todo um texto dentro dela, mas quando chego aqui puf, desaparece... Confesso que muitas vezes perco a vontade porque venho escrever o que não devo, mas outras, outras sei que vou chorar ao escrever e não quero...Prometi a mim mesma que iria ser forte, e acreditem ou não, estou a dar o meu máximo, luto contra os meus próprios sentimentos e mostro que luto arduamente para não sofrer. É dificil, é, quando me sento sozinha sinto uma explosão de sentimentos dentro de mim, e apenas nesses momentos a minha força desvanece e deixo de lutar contra eles.
Apenas passaram seis meses. Sabem aquela sensação que já passaram anos? Acontece tanta coisa em tão pouco tempo, que o tempo deixa de ter significado. Seis meses, parece que foi ontem... Há memórias que realmente são impossíveis de apagar, não que eu as queira abominar da minha vida, mas ainda estão tão presentes, reviver aquele treze de Julho não é fácil e um tanto ao quanto doloroso. Existe aquela frase que "há sorrisos que nunca se esquecem", mas eu alterei para "há pontapés que não se esquecem"... Até do último...

Ai, se a saudade matasse... Aquele sentimento de o querer todos os dias junto de mim consome-me. Não tenho conseguido lidar com isso confesso. A minha raiva, ira, ódio, parece que tudo emerge à superfície e transforma num tsunami de sentimentos. Calma e tranquilidade precisa-se... Já perdi tanta coisa por não conseguir me controlar... Ninguém tem culpa, muito menos ninguém tem de levar com este turbilhão que carrego, mas a verdade é que também ninguém está nem aí para tentar entender e apoiar...

O Fábio lá voltou para Lisboa, dois dias sozinha, confesso que já estava habituada a tê-lo todos os dias aqui, e a poucos dias de irmos para a casa nova (porque só falta virem ligar a água e a luz), sinto que ainda me falta dizer e fazer muita coisa...

Sensações estranhas...

"Se magoa? Claro que sim! Mas não há dor maior do que a que já ganhámos.
Se acham que dor é uma palavra muito negativa, podemos falar de vazio. Neste destino de ser uma mãe que perdeu um filho, estas duas palavras andam de mão dada, mas não nos impedem de sorrir para a vida. Há dias de profunda tristeza que superamos com a certeza de que apesar de tudo, fomos privilegiadas por ter os nossos filhos."




segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Ausente mas sempre presente!

Pois é, estou numa fase da minha vida que adorava que os dias tivessem no mínimo quarenta e oito horas para poder fazer tudo aquilo que preciso. Dividida entre o trabalho, estudo, mudanças, idas ao médico, a coisa não está fácil. Os estudos estão em stand by (infelizmente) porque realmente não há tempo para tudo. As mudanças ocupam a maior parte do meu tempo, não o facto de estar sempre a encher a casa (porque não tenho nada para fazer encher), mas pesquisar e pensar como e onde comprar ocupa-me a maior parte do tempo. Posso dizer que dois mil e quinze começou de uma forma muito turbulenta, mas, até que não foi mau, tenho a certeza que se nada tivesse acontecido, a minha vida não tinha dado este passo gigante. 
Sabem aquela sensação de estar feliz, mas ao mesmo tempo não estar? Nunca escondi o quanto ansiava arranjar casa cá em Portugal e mudar-me. Tinha esses planos em mente enquanto estive grávida. A minha intenção era voltar para França, mas manter cá uma casa para que sempre que cá viesse ter o meu espaço, onde o Francisco pudesse ter as coisas dele cá e lá, e pronto, não depender de mais ninguém... Não preciso de dizer que esse plano saiu completamente furado. Então agora, nos dias em que passo na casa nova, há uma dor que me acompanha. Ainda ontem, enquanto estava a montar um dos quartos, ao ver as malas do Francisco, foi como se o meu coração parasse... É tão estranho um objectivo estar a ser meio cumprido! Está a doer, e por muito que me repita, e que saibam que dói sempre, mexer e remexer em todas aquelas coisas custa muito. 
Lembram-se da minha publicação na minha página do facebook? Eu sonhei com ele. Em seis meses foi a primeira vez. Tantas vezes tentei, adormecia a pensar nele sempre com a esperança de sonhar... Foi tão bom. Tinha exactamente seis meses, estava com um fatinho azul e a sorrir dentro do carrinho! Pode parecer uma estupidez minha, mas pela primeira vez em seis meses sentia-me tão bem, tão feliz. Eu não o vi quando nasceu, mas naquele sonho era exactamente como o descreveram, e como sempre o imaginei... Não quero pensar que estou maluca, quero acreditar que isto é um sinal, que o facto de finalmente a minha vida estar a andar para a frente, ele fica feliz por mim, por nós!!
Só Deus sabe o quanto eu queria tê-lo aqui para partilhar connosco a felicidade plena! A poucos dias da mudança, e apesar de estar completamente feliz, tenho receio de viver repleta de saudade eterna. Não aquela saudade que já vive em mim, simplesmente a saudade em que me aprisionarei sempre a um espaço vazio. 

...

O tempo tem sido pouco, mas tenho tido sempre algum tempo para passar cá e ler alguns posts e mensagens do facebook. E fico eternamente grata por cada mensagem que recebo de apoio e carinho..

Beijinhos
Carla Salgado

sábado, 17 de janeiro de 2015

Será um desabafo?

Provavelmente sim é um desabafo. Hoje sem dúvida não foi o meu dia em todos os aspectos. A minha cabeça não pára de funcionar (pode parecer estranho, eu sei), mas há coisas que eu vejo/sei/observo que me deixam mesmo confusa! Não sou a melhor pessoa do mundo, muito menos a mais sincera ou frontal (parece que esta palavra está na moda), já menti, quem nunca o fez que atire a primeira pedra... Mas, deixa-me assim o cérebro numa espécie de esponja de água quando vejo pessoas que eu sei, com toda a certeza do mundo que são falsas a falarem de sinceridade... Mas será que esta gente sabe o significado das palavras, ou terei de abrir os cordões à bolsa e começar a distribuir dicionários? Se há uma coisa que eu aprendi nesta vida, que para já é muito curta, é que as pessoas que se dizem mais sinceras são aquelas em quem menos devemos confiar. Porquê? Porque sinceridade está nos actos e não nas palavras. 
Cometi erros que sei que nunca irei conseguir corrigi-los, perdi pessoas que nunca quis ter perdido, afastei pessoas que me faziam falta, e perdoei quem nunca deveria ter deixado ir... Se estou arrependida? Não, nada. Tudo na vida tem um porquê, assim como um senão, e de cada luta na nossa vida temos de retirar um resumo, e fazer uma conclusão. Nada acontece por acaso, e frazes feitas à parte, se tudo o que me aconteceu tinha de acontecer, então que eu tire uma grande lição de vida disso.

Para já, só desejo que as pessoas que estão do meu lado continuem, mesmo sem medo de enfrentar comigo as maiores tempestades. E nos dias em que eu quiser gritar e vocês forem os "sacrificados", não fujam, ensinem-me!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

#jesuischarlie

Ora cá está um assunto que eu não queria falar. Normalmente não faço nenhum post sobre a actualidade, nem sobre os acontecimentos, a não ser que façam me algum tipo de confusão. E este não fez, minimamente. Pode parecer cruel, mas um ano em França, deu perfeitamente para entender alguns pontos desta situação. Não percebo muito de religiões senão a minha, sou católica, não praticante, se é que se pode chamar assim. A vida ensinou-me a ter fé, e a acreditar num Deus, aquele que desde que nascemos nos deram a conhecer, a acreditar e a amar. Do outro lado do mundo, a mesma coisa, existe um outro Deus em que são ensinados da mesma forma que nós, ou talvez de uma forma mais abusiva, chamemos-lhe assim. 
Para quem está em Paris, e vê as notícias sabe que imensas são os arrufos entre muçulmanos, islâmicos, judeus, e afins, há, e haverá sempre uma certa rivalidade com aqueles que não fazem parte do mesmo ciclo. O mesmo se passa com os muçulmanos que fazem o ramadão. Lembro-me de estar na formação e ver aquelas raparigas quase "malucas" por não poderem comer à luz do dia, sempre achei mal. As nossas crenças e os nossos sacrifícios perante Deus não necessitam de passar por uma crueldade dessas. Sim, para mim é crueldade. Eu faço imensas promessas, eu rezo, quando tenho oportunidade vou à missa, mas acima de tudo está em mim e naquilo que eu sou acreditar, ou não. E aí começam as rivalidades, o que para nós é exagerado, para eles é a vida... Fui criticada várias vezes por alguns muçulmanos, pelo simples facto de estar a viver, na altura, com o meu namorado e o meu pai na mesma casa. Meu Deus, para eles isso é pecado, é casar e ter a nossa casa, fora da família. Cheguei a ler notícias no jornal "Metro" em Paris, de cidadãos islâmicos que foram mortos por pessoas da mesma religião, pelo simples facto de fumarem. Tem cabimento? Não. Mas para eles tem.
O mesmo aconteceu neste atentando recente ao jornal de Charlie Hebdo. As suas caricaturas não foram aceites por eles, e eles entraram a matar... Se agiram mal? Claro que sim, mas também temos de ser suficientemente humanos para termos a capacidade de nos colocar no lugar de muita gente. Dizemos "ai não, eu se fosse islâmica nunca faria uma coisa dessas", será mesmo? Será mesmo que estamos a ser sinceros, ou nos tornámos numa cambada de hipócritas incapazes de ver o lado de toda a gente, e não só das pessoas que achamos que estão certas?
O Gustavo Santos fez uma das suas críticas ao atentando, e foi logo bombardeado de criticas, que na minha opinião, não são minimamente construtivas e/ou sérias ao ponto de poderem ser ditas. Mas afinal, quem somos nós para criticar alguém? Na minha opinião, e sem dar a razão a ninguém, foi humano suficiente para se colocar no outro lado. E deixo aqui algumas palavras dele após a primeira crítica.



Não sou de acordo com nada, nem com o que ele disse, nem com o que os outros fizeram, NADA. Não digo que deixo nas mãos da justiça, porque essa nunca resolverá nada. O facto dos dois irmãos terem morrido não é fazer justiça, mataram pessoas inocentes e morreram de seguida, pronto, não sofreram, não foi feita justiça.
A liberdade passa, essencialmente por dizer aquilo que se pensa, e também aceitar aquilo que se vê /ouve! Mas parem de julgar, construam as vossas opiniões em factos e não se baseiem apenas naquilo que ouvem, que vêem, que dizem saber. Acham mal? Claro, ninguém acha bem a morte de inocentes. Mas tal como disse, coloquem-se no lugar de todos, e não no lugar de quem acham que têm razão.


Querem a minha opinião? E mesmo que esta não valha de nada, eu digo, prestem atenção a notícias que valem mesmo a pena. Olhem aquele barco com cinco pescadores que naufragou em Sintra na madrugada de ontem? Apenas um sobrevivente, e os outros? Os destroços aparecerem mas nada de pescadores. As crianças que a cada minuto morrem à fome, os pais que perdem os filhos por diversas situações, aqueles pais que vêem os filhos a morrer numa cama de hospital... Isso sim, são mortes de inocentes que nada fizeram para merecer um fim destes...

Pensem, não julguem! Se são tão a favores da liberdade, usufruam dela e não se fechem numa opinião que só destrói!



quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

As mudanças começaram!

Já à alguns dias que estou para cá escrever, ultimamente surgiram alguns contratempos que me impediram dedicar tempo a tudo o que me faz bem, coisas boas, coisas más, a verdade é que finalmente começaram as mudanças... 
Sabem quando costumam dizer que para acontecer coisas boas é preciso passar pelas más? Pois é, a minha vida é assim mesmo, até chegar às coisas que realmente quero que aconteçam passei por mil e uma tempestades e caminhos repletos de buracos. Se sofri? Muito. Se perdi? Bastante. 
Ontem o Francisco fez seis mesinhos, meio aninho, o meu coração chora com tanta saudade, mais ainda nesta fase tão importante da minha vida. Gostaria tanto de poder ser partilhado a três um momento que eu e o papá tanto ansiamos na nossa vida. Em França tinhamos a nossa casinha e as coisas corriam muito bem, costumava até dizer que o meu casamento só funcionava bem assim mesmo, porque enquanto estivemos, e estamos em casas de outras pessoas, nossa senhora, parece que as discussões não têm fim, mas a verdade é que quem casa quer casa, e lá está, finalmente já encontrámos a nossa casinha. Assim de um momento para o outro ela apareceu e encheu-nos o coração de felicidade. Já mereciamos a nossa paz, o nosso sossego e o nosso canto!
Posso dizer que, para chegar a este ponto batalhei, mesmo que de uma forma errada para uns, mesmo que tivesse de passar por cima de muita coisa, lutei para conseguir. Deixei de ser a menina que tolera tudo e deixa todos dizerem tudo sem nada fazer, o meu orgulho sempre esteve guardado no bolso,e em cada problema eu rebaixava-me e não deixava que nada de mau acontecesse. Mas isso acabou, não sei como, não onde encontrei, mas a verdade é que dentro de mim tenho uma força capaz de ultrapassar as maiores tempestades. Agora sim, sinto que a minha vida vai finalmente recomeçar do zero.

Que Deus me dê ainda mais força todos os dias, e abençoe a minha casinha.


Beijinho
Carla Salgado

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O que é realmente importante?

Não sei se isto é um desabafo ou uma espécie de retaliação. Não sei se simplesmente me surgiu a vontade de escrever, ou então mesmo o facto de ter necessidade de repousar tanto tempo me está a mexer com os neurónios. Seis dias passaram desde que começou o novo ano, constantemente sinto espécies de dejá vu como se exactamente à um ano atrás estivesse a dizer estas mesmas palavras. Hoje acordei com uma certa vontade de tudo aquilo que tinha, os amigos que deixei para trás, as pessoas que todos os dias se preocupavam e estavam lá comigo. Quando emigrei o à quase dois anos atrás avisaram-me constantemente sobre o mal que os portugueses fazem uns aos outros e todas as rivalidades que entre eles existiam. Confesso que assisti a alguns casos mas nenhum direccionado comigo. Fiz vários amigos e a maioria deles portugueses e NUNCA tive qualquer tipo de problemas com eles, muito pelo contrário, era como se estivesse em Portugal e a minha família estava presente, porque para mim, era isso mesmo, família... Quando penso nisso, penso também que ali estavam os meus verdadeiros amigos! Desde que regressei a Portugal, e com tudo o que aconteceu perdi muita gente, muita gente se afastou e eu não senti mais necessidade de procurar. Respeitei a vida de cada um, e sabia que o facto de eu ter perdido um filho não era fácil para quem me rodeava porque o assunto não é fácil... Mas será que por ter mesmo perdido o Francisco é que não deveria ter ainda mais apoio? É como se quando estivesse tudo bem todos estavam comigo, e quando a minha vida desmoronou nada mais me restou... Ao invés disso aqueles que estavam longe foram incansáveis comigo e mesmo longe mostraram aquilo que eu, no fundo, sempre precisei, amizade.
Sei que não sou uma pessoa fácil, sei que tenho um feitio muito difícil e mais ainda com todo o caminho que tenho percorrido e me tem tentado derrubar, mas nada disso é suficientemente lógico para que outras pessoas se afastem...
Dois mil e catorze acabou, dois mil e quinze trouxe-me mais orgulho, sei que sempre dei parte fraca e lutei por toda a gente, mas entrei no novo ano com amigos no coração, e são esses que quero continuar a levar para a vida...

Aos que estão cá, sei que tenho andado distante e fria, mas realmente nada tem sido fácil e eu própria tenho afastado toda a gente mude... 
Aos que estão longe, espero um dia poder reencontrar-vos e aproveitar aquilo que melhor temos, a vida... Guardo com um enorme carinho todos os momentos que passamos juntos, todos mesmo. Tenho imensas saudades.
















Mil beijinhos

sábado, 3 de janeiro de 2015

O primeiro do ano

Bom ano a todos os meus seguidores.
Pois é, 2014 já lá vai e cá estamos para presenciar mais uns quantos capítulos na nossa vida. Estou muito contente por saber que a minha página no facebook e aqui o meu cantinho está a ter outra visibilidade e cada vez mais pessoas me acompanham. Não sei, nem tenho como agradecer, apenas irei esforçar-me ao máximo para manter ambos o mais activos possível.
A passagem de ano correu muito bem, apesar de não ter sido aquilo que teria planeado, após um dia intenso de trabalho, foi apenas chegar a casa mudar de roupa e ir jantar com a família. Comecei bem o ano junto dos meus, e sempre com o meu amor do meu lado. Mas, o segundo dia do ano já não foi assim tão bom, a minha TVP voltou a dar sinais de vida, e as dores, o inchaço voltaram, pois é, abusei nas comidas, e no álcool e agora, descansa Carla. Ontem à noite apanhei um enorme susto quando vi a minha mão a ficar exactamente com os mesmos sintomas que a minha perna teve no inicio, roxa, inchada e a dor a aparecer, resultado: perdi a força nos dedos... Desta vez não falo de pouca sorte, porque eu sou a maior responsável de tudo isto. Hoje, seria dia de trabalho se tudo estivesse bem, mas o dia será para descanso e estudo que ainda falta um bom caminho.

Que este novo ano me traga mais felicidade e menos tristeza, que tudo de bom esteja para chegar, e todas as maldades tenham ficado em 2014!

Bom ano a todos e sejam imensamente felizes *