quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

#jesuischarlie

Ora cá está um assunto que eu não queria falar. Normalmente não faço nenhum post sobre a actualidade, nem sobre os acontecimentos, a não ser que façam me algum tipo de confusão. E este não fez, minimamente. Pode parecer cruel, mas um ano em França, deu perfeitamente para entender alguns pontos desta situação. Não percebo muito de religiões senão a minha, sou católica, não praticante, se é que se pode chamar assim. A vida ensinou-me a ter fé, e a acreditar num Deus, aquele que desde que nascemos nos deram a conhecer, a acreditar e a amar. Do outro lado do mundo, a mesma coisa, existe um outro Deus em que são ensinados da mesma forma que nós, ou talvez de uma forma mais abusiva, chamemos-lhe assim. 
Para quem está em Paris, e vê as notícias sabe que imensas são os arrufos entre muçulmanos, islâmicos, judeus, e afins, há, e haverá sempre uma certa rivalidade com aqueles que não fazem parte do mesmo ciclo. O mesmo se passa com os muçulmanos que fazem o ramadão. Lembro-me de estar na formação e ver aquelas raparigas quase "malucas" por não poderem comer à luz do dia, sempre achei mal. As nossas crenças e os nossos sacrifícios perante Deus não necessitam de passar por uma crueldade dessas. Sim, para mim é crueldade. Eu faço imensas promessas, eu rezo, quando tenho oportunidade vou à missa, mas acima de tudo está em mim e naquilo que eu sou acreditar, ou não. E aí começam as rivalidades, o que para nós é exagerado, para eles é a vida... Fui criticada várias vezes por alguns muçulmanos, pelo simples facto de estar a viver, na altura, com o meu namorado e o meu pai na mesma casa. Meu Deus, para eles isso é pecado, é casar e ter a nossa casa, fora da família. Cheguei a ler notícias no jornal "Metro" em Paris, de cidadãos islâmicos que foram mortos por pessoas da mesma religião, pelo simples facto de fumarem. Tem cabimento? Não. Mas para eles tem.
O mesmo aconteceu neste atentando recente ao jornal de Charlie Hebdo. As suas caricaturas não foram aceites por eles, e eles entraram a matar... Se agiram mal? Claro que sim, mas também temos de ser suficientemente humanos para termos a capacidade de nos colocar no lugar de muita gente. Dizemos "ai não, eu se fosse islâmica nunca faria uma coisa dessas", será mesmo? Será mesmo que estamos a ser sinceros, ou nos tornámos numa cambada de hipócritas incapazes de ver o lado de toda a gente, e não só das pessoas que achamos que estão certas?
O Gustavo Santos fez uma das suas críticas ao atentando, e foi logo bombardeado de criticas, que na minha opinião, não são minimamente construtivas e/ou sérias ao ponto de poderem ser ditas. Mas afinal, quem somos nós para criticar alguém? Na minha opinião, e sem dar a razão a ninguém, foi humano suficiente para se colocar no outro lado. E deixo aqui algumas palavras dele após a primeira crítica.



Não sou de acordo com nada, nem com o que ele disse, nem com o que os outros fizeram, NADA. Não digo que deixo nas mãos da justiça, porque essa nunca resolverá nada. O facto dos dois irmãos terem morrido não é fazer justiça, mataram pessoas inocentes e morreram de seguida, pronto, não sofreram, não foi feita justiça.
A liberdade passa, essencialmente por dizer aquilo que se pensa, e também aceitar aquilo que se vê /ouve! Mas parem de julgar, construam as vossas opiniões em factos e não se baseiem apenas naquilo que ouvem, que vêem, que dizem saber. Acham mal? Claro, ninguém acha bem a morte de inocentes. Mas tal como disse, coloquem-se no lugar de todos, e não no lugar de quem acham que têm razão.


Querem a minha opinião? E mesmo que esta não valha de nada, eu digo, prestem atenção a notícias que valem mesmo a pena. Olhem aquele barco com cinco pescadores que naufragou em Sintra na madrugada de ontem? Apenas um sobrevivente, e os outros? Os destroços aparecerem mas nada de pescadores. As crianças que a cada minuto morrem à fome, os pais que perdem os filhos por diversas situações, aqueles pais que vêem os filhos a morrer numa cama de hospital... Isso sim, são mortes de inocentes que nada fizeram para merecer um fim destes...

Pensem, não julguem! Se são tão a favores da liberdade, usufruam dela e não se fechem numa opinião que só destrói!



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