quarta-feira, 11 de maio de 2016

Trombofilia na gravidez

Torna-se mais num espelho de tudo aquilo que terei de passar durante os próximos cinco meses e meio. Uma rotina que já foi feita à quase dois anos atrás, no inicio de tudo, mas que desta vez é diferente. Não é um simples tratamento, não é uma simples rotina, não é um simples sangramento nasal quase todos os dias. É a minha vida. É aquilo que eu transporto, carrego e vou gerar dia após dia, até receber o milagre nos meus braços. Com fé, sempre com fé. 
Sei que está a ser confuso, mas eu vou explicar. Todos que me seguem aqui no blog, sabem por tudo o que passei pós-parto, refiro-me à trombose venosa profunda. Na altura quando tudo aconteceu, foi me desaconselhado completamente engravidar, pelo menos sem saber os motivos, e os cuidados inevitavelmente seriam redobrados, triplicados... Quando me deram autorização para o fazer, já não estava a tomar a medicação, e apenas caí no erro de não esperar pelos resultados dos exames que fui submetida. Mas nada de preocupações, porque o tratamento iria  ser feito, e nunca me foi escondido todo o processo. Eu sabia que seria difícil, mas não desisti.
Para tudo isto, e para de certa forma esclarecer algumas dúvidas que também surgem das pessoas que me acompanham, recolhi alguma informação para postar aqui no blog. 

Sobre heparina
"Na gravidez a trombofilia pode resultar em abortos, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, deslocamento precoce da placenta, entre outras complicações. Os sinais de alerta são: perda fetal repetitiva (cerca de três vezes) no primeiro trimestre da gestação e histórico de complicações obstétrica (eclâmpsia ou trombose venosa profunda na perna). Porém, quando o problema é acompanhado e tratado, as chances de sucesso são de 90% e 94%. Caso contrário, os riscos são de 30% para complicações graves e 16% dos abortos por repetição estão relacionados directamente com a ocorrência de trombofilias. 
Em caso de diagnóstico positivo, a trombofilia é hereditária ou adquirida. A diferença é que a genética é consequência de mutações e/ou deficiência na produção de anticoagulantes naturais (proteína C, S, Antitrombina). Já a trombofilia adquirida pode ocorrer quando o paciente se torna obeso grave, diabético, sedentário ou passa por imobilização prolongada, uso de anticoncepcionais orais, reposição hormonal, cancro e alguns distúrbios de imunidade. *
Prefiro considerar a gestação portadora de trombofilia como uma gravidez especial. Não só porque na maioria das vezes a gestação vem depois de duas perdas ou é primeiro filho. É que a fase deve ser monitorizada com mais intensidade. Além disso, a rotina do pré-natal tem um detalhe a mais: todos os dias a gestante aplica em si mesma uma injecção de heparina para evitar a formação de trombos e controlar a coagulação do sangue em níveis normais.
Mesmo com tratamento a gravidez é de risco. A boa notícia é que, devidamente assistida, as chances de sucesso são de 90% a 94%. O primeiro passo para se chegar ao diagnóstico é uma boa conversa com o médico. Mesmo com tratamento há riscos. Os mais comuns são queda de plaquetas, sangramento nasal, ocular, em pontos da injecção ou na gengiva."

Sobre o ácido acetilsalicílico (aspirina)
"É um fármaco do grupo dos anti-inflamatórios não esteróides, utilizado como anti-inflamatório, anti pirético, analgésico e também anti plaquetário. --> Usado para evitar a activação e agregação das plaquetas e formação de trombos arteriais."

* A mutação que me "assombra" é a mutação Factor V-Leden em heterozigotia. Ou seja é uma mutação genética, hereditária, onde há uma interferência na actuação da proteína C, causando uma predisposição à hipercoagubilidade e à trombose. 

É muita informação, e depois de ler tudo isto, acredito que muita gente fique a pensar que é um bicho de sete cabeças... Mas não é, não fiquem com pena, eu sabia que seria assim, quando escolhi voltar a engravidar sabia que o tratamento não ia ser fácil, que ia passar por momentos bons, dolorosos, mas que no fim vão valer a pena. Eu acredito, e só quero que acreditem junto comigo.´
Ainda pensei ilustrar este post com uma injecção na minha barriguita, mas ainda estou muito reticente em expor-me... A seu tempo...

[Informação retirada do blog "Fertelidade e maternidade", e Wikipédia]

Beijinhos, 
Carla Salgado

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Desabafo #17

É justo. Certo que me sinto um tanto ao quanto reticente a escrever este post, mas acho justo partilhar com quem está aqui presente comigo, quem acompanhou todo o meu processo, quem me apoia, e acima de tudo quem gosta mesmo de mim para se dar ao trabalho de ler arduamente todos os meus posts! Não é segredo para ninguém, não é algo que me faça feliz esconder, mas de certa forma deixa me mais segura. Um pouco de superstição misturada com medo. Normal, depois de passar pelo maior desgosto da minha vida.
À uns dias tive um sonho um pouco nojento, prefiro não pormenorizar, mas onde quero chegar é que costumo ler os significados dos sonhos sempre que os acho estranho, e exactamente desta forma, o significado do sonho dizia que "simboliza um sentimento interno, algo que o sonhador está querendo libertar de si mesmo. Pode ser a dor causada por uma pessoa muito chegada e você não consegue fazer com que o assunto seja esclarecido, revelando-se como espelho da sua mente inconsciente."
De certa forma, é mesmo isto. Estou a viver um sonho interrompido à dois anos atrás, estou a tentar vivê-lo de outra forma, mas sempre com medo. É inevitável, podem dizer-me todos os dias que  vai correr bem, todos os médicos do mundo podem dizê-lo, nunca vou conseguir viver estes próximos seis meses sem medo, sem ansiedade e sem um sentimento estranho que permanece em mim imaginando sempre o pior.
Desejo mesmo, que passe rápido, que tudo aconteça da maneira que eu sempre quis que acontecesse, e que não seja mais um sonho quebrado. Quero plena paz, saúde, e conseguir chegar ao fim de tudo isto com uma vitória nos braços.

Com este post, não quero chamar atenção por isso não lhe dei um titulo chamativo nem pus qualquer tipo de foto que o fizesse suspeitar. Todo o texto não tem a palavra chave, mas qualquer pessoa que o leia entenderá. Vou fazer posts futuramente sobre todo o meu processo, porque no fundo poderá ajudar alguém que tenha de passar pelos mesmos tratamentos que eu.
 Peço por favor para não deixarem comentários na publicação do facebook, podem fazê-lo aqui no blog, ou por mensagem. Espero que tenham esse respeito por mim.

Estou feliz, muito feliz. Mas com mais mil sentimentos misturados.

Beijinhos,
Carla Salgado