terça-feira, 21 de novembro de 2017

Borboletas na barriga *

Há várias formas de expressar, e o silêncio remete-se a um determinado sentimento. Bom. Mau. Sentir uma certa diversidade de palpitações, quando o coração começa a acelerar de cada vez que um olhar surge entre paredes outrora desconhecidas. Há uma melodia que toca, quando na voz se profere palavras, nem sempre aquelas que queremos ouvir. Há um caminho, um suspiro, um fechar de olhos, e a espera de que aquilo não seja em vão. Há a ansiedade que as horas passem e o momento em que a chegada seja transportada para um lugar diferente.
O destino chegou no momento certo, e não é por acaso que o caminho seja trilhado, traçado, e essencialmente cruzado por duas pessoas... Na diferença encontramos o uníssono perfeito. Tu, tu e apenas tu. E nesta caminhada, ainda prematura queres respostas daquilo que constróis dentro de ti. A esperança da felicidade constante. O medo da desilusão.
Ainda assim, o tom da tua voz, é a única coisa que quero ouvir antes de pegar no sono e sonhar contigo. 



segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Três anos depois...

...
e o meu sentimento continua aqui. Três anos depois e ainda sinto o cheiro do quarto, ainda ouço o silêncio do CTG! Três anos depois e ainda te sinto dentro de mim. 
É quando tudo se começa a desmoronar que eu te procuro, não é egoísmo, muito menos hipocrisia, é esperança de encontrar sempre na ausência da tua presença o conforto que eu não consigo encontrar aqui. Sei que estás aí, sei que me continuas a proteger dia após dia, sinto-te... Mas não consigo ainda combater a dor. A dor apodera-se do meu peito várias vezes ao dia, mas solto um sorriso, porque os sorrisos vão sempre ajudar-me a lembrar que tu exististe. Sorrio porque a vida é mais poderosa do que a dor que se apodera. Simplesmente sorrio, por ti, para ti, por nós, e pela luta que eu sei que será sempre minha.  Já passaram três anos, parece tanto e é ainda tão pouco. Uma vida renasceu, e eu prometi que daria todo o meu amor por ele, e assim o faço. O teu mano é  o menino mais amado do mundo, o menino mais feliz, e nunca mesmo nunca deixarei que lhe falte um sorriso na cara. Todo aquele amor que eu fui privada de te dar, transbordo-o para o mano. É tão estúpido dizer isto, fico sempre com a sensação de egoismo, mas não é... 
Meu amor,
há dias que o tempo ajuda-me a viver com mais serenidade, há dias que tudo parece tão fácil, que um simples vai ficar tudo bem ajuda tanto, mas hoje não é de todo um desses dias, e não sei se o facto de ultimamente as coisas andarem não tão fáceis como habitualmente está ajudar! Mas a verdade é que hoje, tenho saudades tuas, hoje o dia era para ti também. Levar o mano à escola, mesmo doentinho, por ser dia do pijama, ver os meninos felizes a brincarem deixa-me a pensar que hoje, também era um dia para tu estares feliz, para tu brincares... e a vida privou-nos disso.
Morro de saudades tuas todos os dias. E ver o teu mano crescer faz-me acreditar que tu estás ali. Ele vai ter sempre um bocadinho de ti. Conforta-me tanto o coração sentir todos os dias a tua presença nos sorrisos dele, nos abraços, quando ele vem a correr nos meus braços, conforta-me saber que tu estás aqui, comigo, para sempre.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Isto são fases...

É aquilo que eu mais meto na cabeça, que vivo por fases. Sou uma inconstante, com proporções fortes de não saber aquilo que quero. Há momentos que rio de tudo, e choro do nada. É verdade que o tempo está a passar tão, mas tão rápido que eu nem dou conta. Tem sido bom, e realmente vir aqui e ler os meus textos não me faz assim tão mal como eu pensava... Eu disse que ia conseguir não disse? Eu disse que o tempo me ia ajudar, eu ia aprender a viver com a dor.
Ultimamente tem sido tema das nossas conversas. Conhecer e conviver com pessoas novas tem destas coisas, e por mais que eu tente, eu não vou, nem posso esconder que na verdade eu tenho dois filhos. Há uma história tão desgastante por trás deste sorriso, que todos os dias acordo e fico ainda mais feliz por mim, por saber que consegui, que lutei, que me esforcei e moldei o meu sub consciente àquilo que eu queria...
Recuando uns anos atrás, vejo-me numa outra pessoa, num outro ser, como é que o ser humano tem a capacidade de mudar tanto?

Mas há coisas que deixa saudades...

Meu amor,
são três anos sem ti... há dias que penso que toda a gente te esqueceu, há este vazio que eu por mais anos que passe não consigo preencher, há a mágoa por não ter sido capaz, e há a saudade, aquela saudade que eu nunca mais na minha vida vou conseguir apagar... Há também as recordações, que vivem diariamente na minha memória. Fazes parte da minha história, fazes parte da minha vida, fazes parte de mim. Prometi dar-te um mano, e fiz-lo, e só eu e tu sabemos o que eu lutei e sofri para que isso acontecesse.
Obrigada por estares comigo, meu anjo da guarda, de que outra forma teria eu força para aguentar tudo aquilo que a vida me dá?

Amo-te muito.
Para sempre.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Retrospectiva, 25 anos.

Isto é como na passagem de ano, fazemos uma retrospectiva do ano, eu decidi fazer uma retrospectiva da curta vida pela qual passei, e ainda estou a passar. 
Quando somos adolescentes, estamos sempre ansiosos para chegar aos 18 anos, queremos ser adultos, fazer o que queremos, quando queremos sem os nossos pais nos dizer nada. A verdade é que não muda rigorosamente nada, e eu, essencialmente fui um tanto ao quanto privada disso. Depois vamos crescendo, vamos fazendo as asneiras próprias da idade e pumba, casamos e temos filhos.
E agora estou a poucas horas de fazer vinte e seis... Vinte e seis... Confesso que me custa a acreditar, faltam apenas quatro anos para os trinta! Fico em choque, já viram como a vida passa a correr? Como o meu principe, que ainda ontem nasceu e daqui a quatro dias ja faz sete meses. Isto passa tudo a correr. E sabem que mais? Não aproveitamos nada de útil nesta vida. Passei por um turbilhão de coisas, fui obrigada a crescer um pouco à força, mas estou muito feliz com aquilo que tenho, e com aquilo que ao longo dos dias vou conquistando. Passaram vinte e cinco anos, e com eles levou muitos muitos sorrisos, algumas lágrimas, porque quero acreditar que sorri muito mais do que aquilo que chorei, leva muito amor, muitas amizades que pensava que  nunca teria fim... Mas também me trouxe, ainda mais amor, amizades que me aqueceram muito o coração, e o melhor da minha vida, o meu menino, a luz da minha vida, a razão pela qual luto todos os dias com afinco.

Sou uma mulher, apaixonada, amada quase realizada (porque ainda não desisti totalmente dos meus sonhos), e muito muito feliz.



Beijinhos,
Carla Salgado

sábado, 20 de maio de 2017

Mais uma estrelinha...

... mais uma mãe a sofrer... Esta vida é tão injusta. Para nós mulheres é impensável que estas coisas nos aconteçam. No inicio de uma gravidez idealizamos tantos projectos, um futuro melhor e com ainda mais amor. Mesmo para quem já tem filhos e mais um está a caminho, é sempre o iniciar de um sonho, o amor duplica-se e transforma-nos ainda mais em mulheres. 
Mas depois existem as encruzilhadas da vida, as nuvens negras, e coisas más acontecem! A verdade é que esta semana recebi a triste noticia de que mais um anjinho voou para as mãos de Deus, deixando uma mãe devastada. Confesso que me custa um pouco escrever sobre isto, foi como lembrar de tudo e sentir coisas que por uns tempos esteve guardado. Aprendemos a viver com esta dor, há como que um flash no dia a dia mas a força e a vontade de continuar a lutar faz-nos guardar esses sentimentos numa caixinha, e apenas ir lá de vez em quando, quando o coração não aguenta mais com a saudade. Porque existe a saudade. 
Para quem me conhece sabe que não interessa se o anjinho partiu as 5, 10, 20, 30 ou 40 semanas, filho é filho, dor é dor, e não há pior dor do que aquela que a mãe sente quando perde um filho...

Para a mamã H, só tenho a dizer, és uma grande mulher, e apesar de te conhecer à relativamente pouco tempo e a primeira impressão não ter sido a melhor sei a excelente pessoa que és, a grande mulher  e boa mãe. O teu anjinho vais estar sempre a olhar por ti, e esta nuvem vai passar, vai dar-te força sempre para nunca desistires de nada, muito menos de voltar a tentar... DEUS DÁ GRANDES BATALHAS A GRANDES GUERREIROS.

Ao meu filho, Francisquinho, recebe junto de ti mais um anjinho, que partiu cedo demais... Morro de saudades tuas meu amor. Meu amor eterno. Para sempre.





domingo, 14 de maio de 2017

37 semanas de desespero...

Não acreditamos quando nos dizem que uma gravidez não é igual a outra, achamos sempre que estar grávida é sempre igual, é só carregar o mundo na barriga, enjoar de vez em quando, por vezes uma fome descomunal, mas no fundo uma maravilha. Não posso negar que gosto de estar grávida, faz-me sentir mais bonita, mais mulher. Mas hoje sei que cada gravidez é completamente diferente, porque pensando bem, os anos passam, nós crescemos, e a maneira de nos vermos em determinadas situações é totalmente diferente. Quando estive grávida do Francisco não tenho um único defeito a apontar, senti-me sempre bem, enjoei algumas vezes mas nada de mais, à excepção do calor que senti durante quatro dias e nem dormi, mas isso, foi o menor dos problemas. Na gravidez do Salvador, bem, senti alguns enjoos também, apetite a toda a hora, passei o Verão inteirinho, e posso dizer que nisso sofri bastante, mas há algo que foi diferente, eu!

Descobri cedo que estava grávida. No dia 10 de Março de 2016 tive uma simples consulta de rotina no centro de saúde, e lembro-me que nesses últimos dias andava a sentir-me um pouco estranha, algumas dores de barriga, mais sono do que o normal, mas como na altura andava no ginásio, sempre pensei que era algum cansaço misturado com os exercícios. Sempre fui muito desregular na menstruação, por isso nunca pude me guiar por aí. Queria muito engravidar, e quando em Outubro de 2015 me deram finalmente autorização para poder avançar tentei sempre, mas como todas as mulheres que tentam e sem sucesso, em Janeiro de 2016 disse a mim mesma que não tentava mais, tinha passado pouco tempo, é verdade, mas na minha cabeça já começava a achar que se não tinha acontecido ainda, era porque nunca mais iria ser mãe (que parva, eu sei!) Então expus à enfermeira as minhas dores, e a forma como se sentia diferente, e obviamente que mandou de imediato fazer um teste de gravidez, ainda me lembro na altura de lhe dizer que não queria porque só eu sei como me sentia quando via um negativo. Escusado será dizer que o teste deu mesmo positivo, e é impossivel para mim conseguir escrever aquilo que eu senti, não consigo mesmo, tão mas tão feliz, dentro de mim finalmente cresceria a promessa que eu tinha deixado à dois anos trás, um irmão para o Francisco! Só me apetece neste momento escrever umas vinte frases a dizer que fiquei muito muito muito feliz. Saí do centro de saúde e liguei logo ao Fábio, preciso de dizer o quão feliz ele ficou também? Acho que é óbvio. Liguei à minha mãe, contei ao meu irmão, e poucas mais pessoas. Ao longo do dia, e quando a notícia começou por se interiorizar, não pude evitar que o medo voltasse, e desse lugar a algumas dúvidas. Não contei a muita gente, não expus, e foi aí que deixei de escrever por completo. Por medo, medo de expor, medo de errar, medo de falhar, medo de voltar a passar por tudo outra vez... 
O tempo foi passando, as consultas eram muitas, e fui encaminhada para a maternidade Júlio Dinis ainda estava pouco mais de dois meses de gestação. Um pouco reticente na altura, mas fui, sabendo que iria passar o resto da gravidez a viajar para o Porto, para inúmeras consultas, e depois quando fosse o parto? E se tivesse de ir de urgência? Porto não é assim tão longe, mas em hora de ponta, ainda nascia na ambulância. Sim, fui muito paranóica, mas acho que é aceitável. A primeira consulta com o Dr. Jorge Braga foi super calma, com pedido de eco e alguns exames, mas sempre muito calmo, por todos os médicos que passei (e acreditem que corri alguns) tentaram todos transmitirem-me um pouco de calma. Sem sucesso.
Às doze semanas fiz a primeira ecografia (acabei por fazer mais umas três ou quatro, por opção minha, mas pronto), e estava tudo bem, o bebé todo formado, pronto a passar ali mais uns bons seis meses a desenvolver saudavelmente. Não fui imune a toxoplasmose, mas não esperava eu outra coisa. Fiquei com baixa de gravidez de alto risco, e ainda ouvi de um médico que a minha gravidez de risco não tinha nada, e eu é que não queria trabalhar, bem, conseguiu deitar-me abaixo por completo, mas depois de lhe apresentar todo o meu processo antecedente a esta gravidez, o desfecho é óbvio e não voltei lá mais. A partir das vinte semanas apenas fui seguida na maternidade, porque começou por ser cansativo ir a vários médios (porque eu queria várias opiniões) e ouvir sempre versões diferentes, então achei certo jogar pelo seguro, e ir apenas onde me davam mais segurança. E foi nessa altura que descobri, que mais uma vez, fui abençoada pela cegonha por mais um menino, querem que volte a dizer que fiquei muito muito muito feliz? Não que eu tivesse preferência, mas acho que o meu coração estava a precisar de um menino, a minha necessidade sempre me chamou para o menino.
Umas semanas mais à frente acabei por ganhar coragem, e pela primeira vez abri as malas que eram do Francisco. Recordei peça a peça, momento a momento e chorei muito, A partir dessa altura acho que a felicidade deu lugar ao medo e à ansiedade, e nunca mais se foram embora. Não substitui as roupinhas, mesmo as peças que estavam bordadas com o nome Francisco ficaram para o irmão. 
A decisão do nome não foi dificil, era impensável colocar o mesmo, não vinha ninguém para substituir, cada pessoa é uma pessoa e este bebé era outro bebé, o meu segundo filho. Na altura lembro-me de falar com o Fábio e dizer que gostava de Santiago, mas na altura alguns bebés tinham nascido e já tinha ouvido várias vezes esse nome, então sugeri Salvador, por não ser vulgar, e por ser um nome tão forte. No fundo ele vinha para nos salvar não era? O Fábio ainda ficou um pouco reticente, mas aceitou, e agora, esperávamos ansiosamente pelo Salvador. 
A gestação foi passando, o verão veio forte, fiz o meu exame de condução grávida de quase seis meses, chegou setembro e os oito meses. Os médicos diziam-me que era muito provável o Salvador nascer às 37 semanas para não correr riscos. Bem, riscos? O que queriam eles dizer com riscos? O meu bebé estava em risco? Em cada consulta, principalmente em cada ecografia o meu coração parava com tanto medo. Eu tinha medo de tudo o que vinha do outro lado, tinha medo das respostas, tinha medo de tudo o que eles me pudessem dizer. Houve uma ecografia que tive de repetir porque tinham descoberto alguma coisa na placenta, eu já me andava a preparar psicologicamente para tudo, comecei a achar que iria passar por tudo outra vez, e a minha vida estava prestes a acabar. 
Outubro chegou, e as 36 semanas também. O dia do parto ainda não estava marcado e eu só pedia ao médico para se apressar porque eu não aguentava mais. Adorava estar grávida, mas saber que poderia passar outra vez pelo inferno estava a matar-me por dentro. 
Foi numa segunda feira, 24 de Outubro de 2016 que fiquei com o coração nas mãos. Numa simples consulta de rotina, já nas 37 semanas, que o Salvador alarmou toda a gente. Como sempre estava a fazer o CTG (para quem não sabe são as cintas que se colocam em volta da barriga para se controlar a frequência cardíaca do bebé, e as contracções) e as enfermeiras chamaram o meu médico e o pânico instalou-se. Acreditavam que o Salvador estava com uma arritmia cardíaca e mandaram-me de imediato para as urgências. Fiquei horas à esperas, fiz CTG vezes sem conta, e eu cada vez mais a morrer por dentro. Só dizia para mim mesma que a hora tinha chegado e o meu mundo iria acabar. Após a consulta na urgência e de me dizerem que sim, o salvador estava mesmo com uma arritmia mandaram-me estar lá no dia seguinte as oito da manhã, para ficar internada porque me iriam induzir o parto, o Salvador TINHA de nascer!
Passei essa tarde sozinha, precisava de descansar, mas essencialmente de pensar. Eu tinha de estar preparada para tudo, tinha de ser forte e tinha de lutar até ao fim, ganhei forças e disse para mim mesma que não ia perder outro filho, não ia, eu ia lutar por ele até não ter mais forças. 
No dia 25 de Outubro as 8 horas em ponto, já me encontrava nas urgências da maternidade, de malas na mão, papéis preenchidos e pronta para ser internada. O Fábio esteve sempre do meu lado, e as 9 induziram-me o parto, a partir dali era esperar que fizesse a dilatação, que as contracções ficassem cada vez mais fortes, e só nos restou esperar, horas, que para mim foram as mais longas da minha vida. Caminhei muito por aqueles corredores, ouvi muitos bebés nascer, sempre muito ansiosa, sempre lado a lado com o Fábio. Eram dezassete horas quando já não aguentava mais com as dores e me rebentaram a bolsa, e agora? Continuava a restar-me esperar. Às vinte e uma fui para a sala de partos, levei epidural, e esperei que a mãe natureza fizesse o seu trabalho. Ainda dormi, o Fábio também, sentado no cadeirão ao lado, estávamos de rastos, cansados. Era uma e meia da manhã quando chamei uma enfermeira e disse que estava com dores, fortes, fui examinada e só consegui ouvir ela dizer bem alto para uma equipa que "estava na hora". Após dezassete horas, cinco parteiras, dois médicos, forceps e alguns cortes depois ouvi um choro tão mas tão reconfortante que ainda hoje me caem as lágrimas só de lembrar. Ele estava ali, ele nasceu, cheio de vida, de olhos bem abertos, a chorar muito, como eu sempre pedi, sem arritmias, apenas vivo.





26 de Outubro de 2016 

Beijinhos
Carla Salgado



sexta-feira, 12 de maio de 2017

Estou de volta!

Como se costuma dizer, parece que passou uma vida, e é verdade. Pelo menos mais uma vida está presente, e após seis meses da sua chegada sinto-me preparada para voltar. Voltar a um mundo que é o meu, do qual nunca deixei de fazer parte, mas tive de deixar de lado, por várias razões.  Inicialmente quando engravidei tive medo de voltar a expor todos os meus sentimentos, não posso mentir que aquele botão de medo de perder nunca se desligou. Após o nascimento do Salvador a minha vida mudou tanto, mas tanto que apesar de não ter mesmo tempo para escrever, o medo continuava aqui. Mas hoje, não sei porquê hoje, mas hoje tenho necessidade de estar aqui, com alguns ajustes, mas a fazer aquilo que sei fazer, escrever.
Como já referi, a minha vida mudou muito mesmo, agora tenho sempre alguma coisa para fazer, mais não seja brincar, porque voltei a ser criança.
Sabem do que me apetece mesmo falar hoje? Do quanto amo ser mãe, e do quanto amo mais ainda o meu filho, a minha vida e a minha família. Nunca duvidei que nasci para ser mãe, mas depois de o ter, depois de sentir o sabor, tenho a certeza. 
Hoje, para não exagerar nestes enormes textos que costumo fazer vou apenas partilhar, partilhar o amor, partilhar o que nunca partilhei antes...

A minha vida.











Com a promessa que estou mesmo de volta, porque preciso...

Carla Salgado