segunda-feira, 21 de maio de 2018

Quarenta e seis meses depois...

... E eu continuo a sonhar contigo.
Ainda sinto os teus pontapés, ainda me vejo os teus movimentos no monitor das ecos, ainda toco na minha barriga e lembro-me de ti. Quase quatro anos depois, e a saudade aumenta. 
Aprendi a viver com a dor. Aprendi a encarar a vida de outra forma. Aprendi a valorizar. Aprendi sobretudo a amar. Aprendi a viver... Não há nada melhor do que ter a oportunidade de viver. Aproveitar os momentos. Aproveitar as oportunidades que surgem nos nossos caminhos. Aproveitar o melhor que a vida tem para nos dar. 
Não tem sido uma caminha fácil. Tenho lutado com tudo o que tenho para conseguir ter tudo o que tenho. Tenho agarrado com todas as minhas forças todas as oportunidades que a vida me tem dado. Tenho tido força, mas acima de tudo tenho tido fé...
Estes últimos anos têm sido desafiantes, têm me feito crescer tanto mas tanto, têm me feito olhar para a vida de uma forma completamente diferente. Acredito mais no poder do amor. Acredito mais no poder que duas pessoas juntas conseguem ter para enfrentar as maiores adversidades da vida. Quem me conhece, bem, sabe que eu nunca, mas nunca desisti. Posso não ter conseguido tudo o que queria, mas a maior parte conquistei, e não foi fácil. Quem me conhece, bem, sabe que eu passei... eu nem sei se posso dizer a pior coisa que pode acontecer a um ser humano, mas sem dúvida alguma que é a pior coisa que pode acontecer na vida de uma mulher. Perder um filho. Perder um pedaço. E eu perdi, à quarenta e seis meses atrás, perdi basicamente a minha vida toda naquela hospital. E mesmo que o sonho de ser mãe falasse sempre mais alto, e hoje tenho o filho mais lindo, mais inteligente, mais tudo do mundo, eu perdi um, e nunca posso dizer que tenho dois filhos quando me perguntam porque as pessoas nunca vão entender. No fundo, ninguém entende o que é viver com um vazio. 
Acho que nunca disse isto, mas todos os dias olho para o Salvador e imagino que fosse o Francisco, olho para o Salvador a sorrir e imagino quantos sorrisos perdi eu... Mas sabem o que é mais estranho ainda? É olhar para o Salvador e saber que um pedacinho dele está ali, a olhar para mim. Em cada abraço, em cada sorriso, em cada birra... O meu amor é incondicional, como de qualquer outra mãe. O meu amor move montanhas. O meu amor por ele é...inexplicavelmente especial.

Acho que estava a precisar de vir aqui.
Continua a ser o meu lugar preferido.


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