sábado, 28 de março de 2020

Dúvidas?



A incerteza daquilo que vai acontecer amanhã faz renascer algumas dúvidas que eu tenho em relação a hoje. Esta paragem no tempo ao qual fomos literalmente obrigados a fazer faz-me pensar muito sobre muitas coisas, sobre o futuro, sobretudo sobre aquilo que eu quero na realidade fazer. 
Sinto uma certa necessidade de fazer uma introspeção e perceber muitas coisas, mas sabem quando falta algo para o fazer, ou até mesmo um simples motivo? Aquela sensação de que eu sei o que quero na realidade, mas não sei ao mesmo tempo.
Têm sido duas semanas intensas, entre brincadeiras, "trabalhos de casa" da minha afilhada, atenção ao meu príncipe e uns determinados momentos em que me lembro que existo e que preciso dar um verdadeiro rumo à minha vida. 
Já senti em alguns momentos da minha vida que não sei ao certo aquilo que quero fazer, já fiz tanta coisa, já aprendi tanta coisa e fui sempre tão feliz, em determinados lugares mais do que noutros, mas a minha essência permaneceu sempre e soube ser feliz. Mas nunca me senti 100% realizada. Bem, sim, mas num lugar onde é impossível voltar.
No ano passado, quando tomei a decisão de mudar tudo, decidi que terminar o 12º ano era a minha prioridade, muito mais quando apenas me faltaria uma disciplina para o fazer e depois decidir o que fazer na realidade. Inscrevi-me no centro de emprego com esse propósito, fazer um curso de dupla certificação, mas apenas algo que fizesse sentido na minha vida. E assim surgiu o curso Técnico Auxiliar de Saúde com projeção de emprego para o Hospital de Riba de Ave, uma oportunidade única e que senti que tinha de agarrar. E assim o fiz... E assim o estou a fazer... Mas nestes últimos dias, tenho a sensação que o meu lugar é onde eu sempre estive, a fazer aquilo que eu sempre fiz e que me sinto mesmo bem em fazê-lo, que apenas me faltou as oportunidades certas. Nem sei bem porquê. 
A estética... Existiram dias em que acordei e achei mesmo que não era a minha vocação e não era de todo o que eu deveria fazer, mas no fundo, quando o faço, porque felizmente ainda tenho a oportunidade de, em part time, o fazer, sou tão feliz... E vocação, talento, nada coincide com o ser feliz em fazê-lo! 
Acho que este Covid-19 está a deixar-nos a todos com tempo a mais para pensar... E não quero mais uma vez meter os pés pelas mãos... Tenho em mãos uma oportunidade que tenho de agarrar, mesmo sem saber qual o meu futuro... O futuro a Deus pertence não é? 
Estou naqueles dias que não sei se luto ou desisto... 
Dúvidas Ilustrações, Vetores E Clipart De Stock – (1,134 Stock ...E nunca é tarde para lutar por aquilo que nos faz feliz...

Um desabafo no meu 16º dia de quarentena...



















Carla Salgado
















sábado, 21 de março de 2020

Eles.

Estou sentada ao lado do meu filho, no chão da sala. Eu escrevo, ele vê desenhos animados e assim se passa o nono dia de quarentena...
O mais importante não é o que estamos, o que vamos fazer, o importante é com quem, valorizar o prioritário, valorizar as pessoas que estão do nosso lado, que nos fazem bem, que nos fazem felizes.
Hoje é apenas mais um dia do ano dois mil e vinte, certamente o primeiro dia para muita gente, o último para uns outros tantos, mas não deixa de ser um dia ou o dia de podermos fazer alguma coisa diferente, ou a diferença na vida de alguém. É mais um dia em que podemos ser melhores!
O pensamento ofuscante que me percorre nos últimos tempos tem me feito perceber muitas coisas, sobretudo daquilo que é certo e errado, daquilo que faço bem ou não! Tenho atitudes incorretas com as pessoas certas e atitudes corretas com pessoas incertas. Um eufemismo ou não daquilo que as se vai entender! 

Os dias passam a voar, nas rotinas percebemos o tempo que perdemos em não dar tempo ao que realmente importa. Mas será que sabemos ao certo o que realmente importa na nossa vida? Sabemos claro que as pessoas que vivem dentro de nossa casa, a nossa família vale a pena, que com eles temos e devemos "perder tempo", mas a rotina não se divide apenas entre quatro paredes, no nosso dia a dia lidamos com tantas pessoas que não sabemos se essa perca de tempo é relevante ou não. Mas no final pensamos, porque perdemos tempo sequer a pensar nisso? Não sei.
Sabem o que sei? Que eles fazem sentido na minha vida e me fazem perceber que vale a pena perder tempo. O meu tempo são eles. Eles são o meu tempo e a minha vida. E a eles dedico tudo...

Eles.
Os meus homens, os amores da minha vida.

 Carla Salgado

sexta-feira, 20 de março de 2020

Quarentena ou pior do que isso?



Começo a acreditar que em tempos de desespero chego ao meu destino, aqui, o meu lugar favorito, quiçá o único que ainda me deixa ser eu por inteira. 
O meu último post aqui foi em Julho do ano passado. Em tempos a minha vinda para aqui era frequente, diária, até mais do que uma vez por dia. Agora desleixei-me, ainda que a coisa que eu mais goste de fazer seja escrever, os papéis perdidos cá por casa já são muitos. 

Estou à oito dias em quarentena pelos motivos que todo o planeta sabe e não preciso de, mais uma vez, os referir vezes sem conta. No entanto, oito dias parecem poucos para aqueles que eu sei que me esperam pela frente. 
Ainda não tenho uma opinião bem formada sobre este assunto, sobre se foi um "acidente" na China, se foi uma vingança dos EUA, ou feita em laboratório, mas de uma coisa tenho a certeza, este vírus, esta pandemia, esta calamidade que está a roubar tantas vidas é a forma como vamos olhar para o futuro com uma perspectiva diferente, a segunda oportunidade que a vida nos está a dar de sermos mais e melhores, a oportunidade de preservarmos aquilo que é nosso e darmos mais valor à vida, às pessoas e não às coisas que não fazem falta nenhuma.

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Nos últimos tempos tenho me apercebido que cada dia que passa as pessoas se tornam mais materialistas e "umbiguistas", que o poder e o querer ter é muito superior ao dar. E o dar chega um simples abraço, ou dar uma palavra que nos conforte. Dar deixou de ser sentimental e passou ao sentimento de posse, eu não te dou atenção mas dou-te um presente como recompensa. 
Estou à oito dias de quarentena e já vi tanta coisa... A vida está a ensinar-nos a viver de novo, a vida está a abrir-nos um caminho desconhecido. Não é maravilhoso como o planeta está a reagir a este momento? A esta paragem? Não estou imune a acordar amanhã e ser enfrentada com o Covid-19! Tu não estás imune amanhã e ver alguém próximo morrer por isso. Nós não estamos sequer numa bolha em somos imunes ao que se passa à nossa volta. Por isso hoje, somos todos iguais, temos todos o mesmo medo, o mesmo poder...

Quarentena ou pior do que isso?
Vou confessar que estou a entrar em desespero e hoje fraquejei, há dias assim não é? Não temos forças para aguentar todos os dias, também temos de saber lidar com a fraqueza.

Agora, protejam-se, vai tudo ficar bem.


Carla Salgado