quinta-feira, 28 de maio de 2015

As pílulas e as dúvidas!

Pois é, ultimamente têm aumentado os casos de trombose venosa profunda, assim como aparecimento de varizes em jovens, AVC, embolias pulmonares e as causas encontram-se naquelas em que nós achamos que são a nossa fonte segura para NÃO engravidar. Sempre fui a favor da pílula, tomei durante seis anos, e nem pensar em trocar por um outro método. Após nascer o Francisco, voltei a tomar a pílula, apenas duas semanas, não foi preciso mais para dar entrada no hospital e me ser diagnosticado TVP! Em todas as leituras que tenho feito acerca do assunto, e acima de tudo por ler, ouvir e ver tantos casos de jovens na mesma situação que eu, e muitas delas lavadas mesmo à morte, percebi que a pilula actualmente é feita com um enorme excesso de hormonas, e para quem não sabe, para além de nos fazer ter alterações a vários níveis físicos, relativamente ao sangue é como que um bomba. E muitas perguntam o porquê de só agora termos conhecimentos destas coisas... Não, a história de que antigamente morriam sem saber a causa não é verdade, perguntem às vossas mães se alguma vez tiveram algum tipo de problema com a pílula. A verdade é que o risco actualmente é quase duplicado em relação às mulheres que tomam contraceptivos orais de estrogénio mais antigos que contém levorgestrel, norestisterona ou norgestimeta. São nomes complicados, eu sei, mas é aqui que tudo muda. Para além de tudo isto, nunca se podem esquecer que as pílulas tem efeitos colaterais, ainda que não seja em todos os casos, mas não os devemos ignorar, tais como:

  • Cefaleias
  • Distúrbios gástrico
  • Náuseas
  • Tensão mamária
  • Variações de peso
  • Alterações de libido
  • Estados depressivos
Os melhores métodos contraceptivos são todos aqueles que não contém hormonas. O preservativo continua a estar no topo dos métodos mais eficazes, apesar de nenhum ser a 100%. Ouço várias pessoas dizerem; "ai, estou numa relação e não é nada confortável utilizar preservativo!" Que diria eu estar casada e não ter nenhuma outra solução? Não podem pensar que é desconfortável, ou que os vossos namorados/maridos não vão aceitar, a saúde está em primeiro lugar e num casal tem de ser aceite pelos dois. 
Há muitos outros métodos como é óbvio. Informem-se junto dos vossos médicos, e mesmo que eles tentem convencer-vos que a pílula é a única solução não desistem. Muitas vezes o facto de querermos esse método por não ter custos, visto que é comparticipado pode levar-nos a gastar dinheiro noutras doenças e consultas.
Informem-se e cuidem-se.


Beijinhos,
Carla Salgado

sábado, 23 de maio de 2015

Um novo recomeço

Ainda me sinto hesitante e reticente em relação a tudo isto, a verdade é que tudo aquilo que antes escrevera estagnou e não me deixou mais proferir nenhuma palavra. Não sei se o facto das más linguas e de todas aquelas pessoas que criticaram o facto de eu falar sempre do mesmo assunto me fizeram parar, mas a verdade é que tive vontade de parar, e foi sempre maior do que aquela que por vezes me consumira para voltar a escrever. Penso que o facto de no dia de ontem me encorajarem de tal maneira me fez voltar a abrir este blog e escrever... Escrever sobre o que? Bem, hoje é o meu aniversário, e de certa forma estou nostálgica, dormi quatro horas e não sinto sono. Há uma memória que percorre a minha mente, de barriga grande e um sorriso no rosto. O sorriso recuperei, pensem o que pensarem e da maneira que o pensem, eu sou feliz. Ao longo destes dez meses fui percebendo que eu NÃO PERDI um filho, ele foi viver noutro mundo em que eu não estou presente, eu SOU MÃE, independentemente se o tenho comigo para cuidar ou não. Ainda não superei, ainda não consegui mentalizar que todo este ciclo, por mais que eu o queira fechar não consigo. Não esquecer, não fazer de conta que nada aconteceu, mas simplesmente lidar com outros pensamentos e outras atitudes, não ter medo de dizer sou feliz, sem pensar que isso está a implicar mexer no passado NÃO, eu tenho de ser capaz de ser feliz apesar de todas as adversidades da minha vida. 
Ontem disseram-me que eu tenho de fazer o luto, na minha cabeça pensava que já o tinha feito, mas não, tudo isto que vem dentro de mim é um acumular de sentimentos e dúvidas que por muito que eu ache que já superei, me faz perceber que não. Perdi a coragem de falar com o Francisco, perdi a coragem de lembrar sequer todos os momentos que passei com ele. E se me perguntam porquê, eu não vou saber responder. Luto diariamente para que tudo entre nos eixos e eu consiga superar e ser verdadeiramente feliz, mas de cada vez que estou a chegar ao auge caio...Porquê? Não sei...
Está quase a fazer um ano... Até então tenho conseguido lidar bem com as datas, sempre de coração apertadinho, mas bem, e nesse dia? Só queria enfiar-me numa cápsula por uns tempos. E se calhar é mesmo isso que eu deveria fazer, lidar com as pessoas, lidar com as palavras , lidar com todo este ciclo dá comigo em doida...

Hoje, o meu aniversário, o dia em que prometi a mim mesma viver intensamente sem tristezas. As saudades são muitas, imensas, enormes, não cabem sequer no meu coração. As imagens sucedem-se como um vídeo viciado, mas eu prometi que tudo mudaria, e vai mudar. 
Só quero agradecer, do fundo do coração a todas as pessoas que lidam diariamente comigo, que me ouvem, que me deixam falar, que sabem dizer as palavras certas, que me deixam sofrer sem entraves... Obrigada a quem mais uma vez me motivou para cá voltar e escrever, prometo não desiludir e lutar pelos meus sonhos. Eu vou ser mais forte!
Que estes 24 aninhos me tragam mais sucesso e felicidade, saúde e amor. Vou lutar por eles, fica a aqui a minha PROMESSA!

Beijinhos
Carla Salgado

terça-feira, 3 de março de 2015

Desabafo #15

Quase um mês de ausência neste meu pequeno mundo, e sinceramente a falta que me fazia tirar estes minutos sozinha, com a escrita nos dedos era imensa. Os dias tem sido num corropio, e mesmo aqueles que tenho mais umas horinhas para sentar e reflectir, tudo o que me apetece fazer é mesmo isso. Hoje sentei-me em frente ao computador, com a minha caneca de chá de limão com o intuito de estudar e despachar este curso que não vejo a hora de terminar, mas quando o abri e percebi que a minha ausência aqui apesar de não ser notória para os outros estava a ser vazia para mim.
Tenho mil e uma novidades, é um facto, a cada dia que passa as coisas vão melhorando e o sorriso que comigo transporto torna-se mais fácil de o soltar, e na realidade mais verdadeiro. No fundo vejo uma luz, e a esperança de voltar a ser mãe vem junto e dá-me mais força para amanhã acordar ainda mais feliz. Da primeira vez cometi o erro de espalhar a minha felicidade, e como todos sabem a inveja tem facebook, e mesmo que esteja bloqueada no meu, aqui está sempre presente para ler todos os meus posts e tentar colocar a minha família virada do avesso, pois bem, só tenho a dizer que pode continuar à vontade, porque apesar de eu ainda ser uma menina ferida e fácil de ferir, a verdade é que aprendi a dar valor, a mim, mas acima de tudo à minha consciência, que acaba por valer mais do que qualquer atitude que adultos velhos possam ter...
O facto de estar constantemente a proferir a minha tristeza relativamente à perda que tive, não é chorar-me, mas sim, mostrar. Não me vou fechar numa caverna a sofrer sozinha, não vou guardar os meus sentimentos, não vou parar sequer de falar do MEU FILHO só porque acham que passo a vida a chorar um facto... Perdi, é verdade, sofro todos os dias com isso, aprendi a viver com a minha perda, algum dia teria de ser, segui em frente, e não desisto, nunca. Se para muitos isto é ser fraca e incapaz de viver, peço desculpa, mas eu acho-me forte e ninguém neste mundo me vai fazer sentir o contrário.
Relativamente à minha TVP, e porque sei que muita gente segue o meu tratamento e esta é a forma mais fácil de eu explicar, as coisas estão a andar muito bem. O controlo tem corrido bem, finalmente estabilizou, é certo que de vez em quando vem uns altos e baixos mas tenho conseguido estabilizar. Ontem foi dia de consulta no Santo António e correu super bem. Na sexta passada tinha feito a doppler (ecografia às veias venosas da perna), e o trombo ainda lá está, mas ontem explicaram-me que não há motivos para alarme, o exame mostrou que é um trombo antigo que ainda pode ser destruído, e mesmo que não o seja há outras soluções, o objectivo agora é que não nasça mais nenhum, por isso, tenho seis meses para fazer tudo aquilo que previna o aparecimento deles. Após meio ano, páro a medicação para ver se nasce mais algum, ou continuo bem, caso não haja numa alteração acaba-se a medicação, acaba-se o controlo, e a probabilidade de voltar a ter uma TVP é igual à de outra mulher... Por isso, rezem comigo para que tudo corra bem, para no fim o meu sonho se torne realidade.

E já está quase a fazer um mês que estou na casa nova, e neste momento é tudo o que me faz feliz, eu e o meu amor...

Beijinho
Carla Salgado

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A carta que nunca te escrevi

Pai, 
sei que as coisas ao longo dos anos se descambaram, a menina que eu era tornou-se mulher carregada de sofrimento. Os mimos que partilhava contigo modificaram-se em palavras que por vezes parece nem ter significado. Hoje sou fria, e incapacitada de transmitir sentimentos e/ou afectos, mas eles estão aqui, por mais que eu tente libertá-los não consigo.
Sempre vivemos longe um do outro, as histórias que nos contam de quando eu e os meus irmãos éramos crianças nunca são coerentes umas com as outras, por isso, neste momento da minha vida eu quero acreditar que éramos todos felizes. É verdade que nem sempre tudo correu bem, e isso eu posso dizer porque lembro-me, mas não posso negar que também nos deste coisas que muitas outras crianças na nossa idade não tinha, e lutaste para as poder dar... Claro que ódios há muitos, depois de crescermos e de começarmos a formar a nossa personalidade houve choque entre todos. Sempre estive do teu lado em tudo, mesmo longe tu sabes que sempre me preocupei e nunca me afastei de ti, por nada deste mundo. Sabia que tu ficavas feliz quando eu estava feliz, e mesmo que digam o contrário eu sei, eu conheço-te, e o teu olhar carregado de dor sempre me mostrou isso. Não fui a melhor filha do mundo, mas acredites ou não, esforcei-me a 100%  para que te orgulhasses de mim, mas nunca mo disseste. Diziam sempre que eu era a menina do papa, e era, se calhar ainda sou um bocadinho, mas a vida parece sempre nos afastar. Respeito as tuas escolhas, e como tu viste e tens visto nunca me meti nelas, e se te sentes feliz, então eu estou feliz contigo.
O tempo passa, e os medos aumentam, estás longe e por vezes ouvir-te ao telefone e saber que estás doente e nada poder fazer não é fácil, e tu sabes que eu não fico indiferente a nada do que se passa contigo. Preocupo-me e vivo constantemente a pensar se estás bem, mas como tu me dizes sempre "se não te ligo é porque está tudo bem"...
Não me vou esquecer das palavras que proferiste na passagem de ano quando cá estiveste, soubeste falar, soubeste tocar no ponto que nunca ninguém tocou, soubeste dizer-me aquilo que eu precisava ouvir "segue em frente". Estou lavada em lágrimas, consigo lembra-me de cada palavra que me disseste, e vou lembrar-me sempre. E eu sabia que aquelas tuas conversas tinham algum propósito. Não sei ao certo o que se passa contigo, mas sei que se passa, mesmo antes de teres dado indícios disso, sei que vais tentar sempre esconder de mim, mas sabes, se vais sofrer eu vou sofrer contigo.
No meu peito carrego uma dor que nunca vai desaparecer, não quero que ela aumente, quero a cada dia que passa fechá-la mais um pouco. 
Não há interesses ou juízos de valor, há amor... Tu sabes que eu vou ser sempre a tua menina, e por mais que aches que são ciúmes da minha parte, não são,são saudades, e a vontade de querer ter um pai mais presente. 

Vou gostar sempre de ti, sempre sempre. E dava tudo para ter toda a gente perto de mim, só Deus sabe como me custa ver a minha família em cada canto...

Não sei se vais ler isto, mas penso que de uma maneira ou de outra chegará aos teus olhos.
Adoro-te pai, vais ser sempre o melhor.


quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Desabafo #14

Hoje perdi a conta à quantidade de vezes que quis escrever e perdi a coragem... Realmente não sei o que se passa dentro de mim que não me está a deixar expressar... Sou uma pessoa que anda sempre com a cabeça a mil e consigo escrever todo um texto dentro dela, mas quando chego aqui puf, desaparece... Confesso que muitas vezes perco a vontade porque venho escrever o que não devo, mas outras, outras sei que vou chorar ao escrever e não quero...Prometi a mim mesma que iria ser forte, e acreditem ou não, estou a dar o meu máximo, luto contra os meus próprios sentimentos e mostro que luto arduamente para não sofrer. É dificil, é, quando me sento sozinha sinto uma explosão de sentimentos dentro de mim, e apenas nesses momentos a minha força desvanece e deixo de lutar contra eles.
Apenas passaram seis meses. Sabem aquela sensação que já passaram anos? Acontece tanta coisa em tão pouco tempo, que o tempo deixa de ter significado. Seis meses, parece que foi ontem... Há memórias que realmente são impossíveis de apagar, não que eu as queira abominar da minha vida, mas ainda estão tão presentes, reviver aquele treze de Julho não é fácil e um tanto ao quanto doloroso. Existe aquela frase que "há sorrisos que nunca se esquecem", mas eu alterei para "há pontapés que não se esquecem"... Até do último...

Ai, se a saudade matasse... Aquele sentimento de o querer todos os dias junto de mim consome-me. Não tenho conseguido lidar com isso confesso. A minha raiva, ira, ódio, parece que tudo emerge à superfície e transforma num tsunami de sentimentos. Calma e tranquilidade precisa-se... Já perdi tanta coisa por não conseguir me controlar... Ninguém tem culpa, muito menos ninguém tem de levar com este turbilhão que carrego, mas a verdade é que também ninguém está nem aí para tentar entender e apoiar...

O Fábio lá voltou para Lisboa, dois dias sozinha, confesso que já estava habituada a tê-lo todos os dias aqui, e a poucos dias de irmos para a casa nova (porque só falta virem ligar a água e a luz), sinto que ainda me falta dizer e fazer muita coisa...

Sensações estranhas...

"Se magoa? Claro que sim! Mas não há dor maior do que a que já ganhámos.
Se acham que dor é uma palavra muito negativa, podemos falar de vazio. Neste destino de ser uma mãe que perdeu um filho, estas duas palavras andam de mão dada, mas não nos impedem de sorrir para a vida. Há dias de profunda tristeza que superamos com a certeza de que apesar de tudo, fomos privilegiadas por ter os nossos filhos."




segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Ausente mas sempre presente!

Pois é, estou numa fase da minha vida que adorava que os dias tivessem no mínimo quarenta e oito horas para poder fazer tudo aquilo que preciso. Dividida entre o trabalho, estudo, mudanças, idas ao médico, a coisa não está fácil. Os estudos estão em stand by (infelizmente) porque realmente não há tempo para tudo. As mudanças ocupam a maior parte do meu tempo, não o facto de estar sempre a encher a casa (porque não tenho nada para fazer encher), mas pesquisar e pensar como e onde comprar ocupa-me a maior parte do tempo. Posso dizer que dois mil e quinze começou de uma forma muito turbulenta, mas, até que não foi mau, tenho a certeza que se nada tivesse acontecido, a minha vida não tinha dado este passo gigante. 
Sabem aquela sensação de estar feliz, mas ao mesmo tempo não estar? Nunca escondi o quanto ansiava arranjar casa cá em Portugal e mudar-me. Tinha esses planos em mente enquanto estive grávida. A minha intenção era voltar para França, mas manter cá uma casa para que sempre que cá viesse ter o meu espaço, onde o Francisco pudesse ter as coisas dele cá e lá, e pronto, não depender de mais ninguém... Não preciso de dizer que esse plano saiu completamente furado. Então agora, nos dias em que passo na casa nova, há uma dor que me acompanha. Ainda ontem, enquanto estava a montar um dos quartos, ao ver as malas do Francisco, foi como se o meu coração parasse... É tão estranho um objectivo estar a ser meio cumprido! Está a doer, e por muito que me repita, e que saibam que dói sempre, mexer e remexer em todas aquelas coisas custa muito. 
Lembram-se da minha publicação na minha página do facebook? Eu sonhei com ele. Em seis meses foi a primeira vez. Tantas vezes tentei, adormecia a pensar nele sempre com a esperança de sonhar... Foi tão bom. Tinha exactamente seis meses, estava com um fatinho azul e a sorrir dentro do carrinho! Pode parecer uma estupidez minha, mas pela primeira vez em seis meses sentia-me tão bem, tão feliz. Eu não o vi quando nasceu, mas naquele sonho era exactamente como o descreveram, e como sempre o imaginei... Não quero pensar que estou maluca, quero acreditar que isto é um sinal, que o facto de finalmente a minha vida estar a andar para a frente, ele fica feliz por mim, por nós!!
Só Deus sabe o quanto eu queria tê-lo aqui para partilhar connosco a felicidade plena! A poucos dias da mudança, e apesar de estar completamente feliz, tenho receio de viver repleta de saudade eterna. Não aquela saudade que já vive em mim, simplesmente a saudade em que me aprisionarei sempre a um espaço vazio. 

...

O tempo tem sido pouco, mas tenho tido sempre algum tempo para passar cá e ler alguns posts e mensagens do facebook. E fico eternamente grata por cada mensagem que recebo de apoio e carinho..

Beijinhos
Carla Salgado

sábado, 17 de janeiro de 2015

Será um desabafo?

Provavelmente sim é um desabafo. Hoje sem dúvida não foi o meu dia em todos os aspectos. A minha cabeça não pára de funcionar (pode parecer estranho, eu sei), mas há coisas que eu vejo/sei/observo que me deixam mesmo confusa! Não sou a melhor pessoa do mundo, muito menos a mais sincera ou frontal (parece que esta palavra está na moda), já menti, quem nunca o fez que atire a primeira pedra... Mas, deixa-me assim o cérebro numa espécie de esponja de água quando vejo pessoas que eu sei, com toda a certeza do mundo que são falsas a falarem de sinceridade... Mas será que esta gente sabe o significado das palavras, ou terei de abrir os cordões à bolsa e começar a distribuir dicionários? Se há uma coisa que eu aprendi nesta vida, que para já é muito curta, é que as pessoas que se dizem mais sinceras são aquelas em quem menos devemos confiar. Porquê? Porque sinceridade está nos actos e não nas palavras. 
Cometi erros que sei que nunca irei conseguir corrigi-los, perdi pessoas que nunca quis ter perdido, afastei pessoas que me faziam falta, e perdoei quem nunca deveria ter deixado ir... Se estou arrependida? Não, nada. Tudo na vida tem um porquê, assim como um senão, e de cada luta na nossa vida temos de retirar um resumo, e fazer uma conclusão. Nada acontece por acaso, e frazes feitas à parte, se tudo o que me aconteceu tinha de acontecer, então que eu tire uma grande lição de vida disso.

Para já, só desejo que as pessoas que estão do meu lado continuem, mesmo sem medo de enfrentar comigo as maiores tempestades. E nos dias em que eu quiser gritar e vocês forem os "sacrificados", não fujam, ensinem-me!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

#jesuischarlie

Ora cá está um assunto que eu não queria falar. Normalmente não faço nenhum post sobre a actualidade, nem sobre os acontecimentos, a não ser que façam me algum tipo de confusão. E este não fez, minimamente. Pode parecer cruel, mas um ano em França, deu perfeitamente para entender alguns pontos desta situação. Não percebo muito de religiões senão a minha, sou católica, não praticante, se é que se pode chamar assim. A vida ensinou-me a ter fé, e a acreditar num Deus, aquele que desde que nascemos nos deram a conhecer, a acreditar e a amar. Do outro lado do mundo, a mesma coisa, existe um outro Deus em que são ensinados da mesma forma que nós, ou talvez de uma forma mais abusiva, chamemos-lhe assim. 
Para quem está em Paris, e vê as notícias sabe que imensas são os arrufos entre muçulmanos, islâmicos, judeus, e afins, há, e haverá sempre uma certa rivalidade com aqueles que não fazem parte do mesmo ciclo. O mesmo se passa com os muçulmanos que fazem o ramadão. Lembro-me de estar na formação e ver aquelas raparigas quase "malucas" por não poderem comer à luz do dia, sempre achei mal. As nossas crenças e os nossos sacrifícios perante Deus não necessitam de passar por uma crueldade dessas. Sim, para mim é crueldade. Eu faço imensas promessas, eu rezo, quando tenho oportunidade vou à missa, mas acima de tudo está em mim e naquilo que eu sou acreditar, ou não. E aí começam as rivalidades, o que para nós é exagerado, para eles é a vida... Fui criticada várias vezes por alguns muçulmanos, pelo simples facto de estar a viver, na altura, com o meu namorado e o meu pai na mesma casa. Meu Deus, para eles isso é pecado, é casar e ter a nossa casa, fora da família. Cheguei a ler notícias no jornal "Metro" em Paris, de cidadãos islâmicos que foram mortos por pessoas da mesma religião, pelo simples facto de fumarem. Tem cabimento? Não. Mas para eles tem.
O mesmo aconteceu neste atentando recente ao jornal de Charlie Hebdo. As suas caricaturas não foram aceites por eles, e eles entraram a matar... Se agiram mal? Claro que sim, mas também temos de ser suficientemente humanos para termos a capacidade de nos colocar no lugar de muita gente. Dizemos "ai não, eu se fosse islâmica nunca faria uma coisa dessas", será mesmo? Será mesmo que estamos a ser sinceros, ou nos tornámos numa cambada de hipócritas incapazes de ver o lado de toda a gente, e não só das pessoas que achamos que estão certas?
O Gustavo Santos fez uma das suas críticas ao atentando, e foi logo bombardeado de criticas, que na minha opinião, não são minimamente construtivas e/ou sérias ao ponto de poderem ser ditas. Mas afinal, quem somos nós para criticar alguém? Na minha opinião, e sem dar a razão a ninguém, foi humano suficiente para se colocar no outro lado. E deixo aqui algumas palavras dele após a primeira crítica.



Não sou de acordo com nada, nem com o que ele disse, nem com o que os outros fizeram, NADA. Não digo que deixo nas mãos da justiça, porque essa nunca resolverá nada. O facto dos dois irmãos terem morrido não é fazer justiça, mataram pessoas inocentes e morreram de seguida, pronto, não sofreram, não foi feita justiça.
A liberdade passa, essencialmente por dizer aquilo que se pensa, e também aceitar aquilo que se vê /ouve! Mas parem de julgar, construam as vossas opiniões em factos e não se baseiem apenas naquilo que ouvem, que vêem, que dizem saber. Acham mal? Claro, ninguém acha bem a morte de inocentes. Mas tal como disse, coloquem-se no lugar de todos, e não no lugar de quem acham que têm razão.


Querem a minha opinião? E mesmo que esta não valha de nada, eu digo, prestem atenção a notícias que valem mesmo a pena. Olhem aquele barco com cinco pescadores que naufragou em Sintra na madrugada de ontem? Apenas um sobrevivente, e os outros? Os destroços aparecerem mas nada de pescadores. As crianças que a cada minuto morrem à fome, os pais que perdem os filhos por diversas situações, aqueles pais que vêem os filhos a morrer numa cama de hospital... Isso sim, são mortes de inocentes que nada fizeram para merecer um fim destes...

Pensem, não julguem! Se são tão a favores da liberdade, usufruam dela e não se fechem numa opinião que só destrói!



quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

As mudanças começaram!

Já à alguns dias que estou para cá escrever, ultimamente surgiram alguns contratempos que me impediram dedicar tempo a tudo o que me faz bem, coisas boas, coisas más, a verdade é que finalmente começaram as mudanças... 
Sabem quando costumam dizer que para acontecer coisas boas é preciso passar pelas más? Pois é, a minha vida é assim mesmo, até chegar às coisas que realmente quero que aconteçam passei por mil e uma tempestades e caminhos repletos de buracos. Se sofri? Muito. Se perdi? Bastante. 
Ontem o Francisco fez seis mesinhos, meio aninho, o meu coração chora com tanta saudade, mais ainda nesta fase tão importante da minha vida. Gostaria tanto de poder ser partilhado a três um momento que eu e o papá tanto ansiamos na nossa vida. Em França tinhamos a nossa casinha e as coisas corriam muito bem, costumava até dizer que o meu casamento só funcionava bem assim mesmo, porque enquanto estivemos, e estamos em casas de outras pessoas, nossa senhora, parece que as discussões não têm fim, mas a verdade é que quem casa quer casa, e lá está, finalmente já encontrámos a nossa casinha. Assim de um momento para o outro ela apareceu e encheu-nos o coração de felicidade. Já mereciamos a nossa paz, o nosso sossego e o nosso canto!
Posso dizer que, para chegar a este ponto batalhei, mesmo que de uma forma errada para uns, mesmo que tivesse de passar por cima de muita coisa, lutei para conseguir. Deixei de ser a menina que tolera tudo e deixa todos dizerem tudo sem nada fazer, o meu orgulho sempre esteve guardado no bolso,e em cada problema eu rebaixava-me e não deixava que nada de mau acontecesse. Mas isso acabou, não sei como, não onde encontrei, mas a verdade é que dentro de mim tenho uma força capaz de ultrapassar as maiores tempestades. Agora sim, sinto que a minha vida vai finalmente recomeçar do zero.

Que Deus me dê ainda mais força todos os dias, e abençoe a minha casinha.


Beijinho
Carla Salgado

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O que é realmente importante?

Não sei se isto é um desabafo ou uma espécie de retaliação. Não sei se simplesmente me surgiu a vontade de escrever, ou então mesmo o facto de ter necessidade de repousar tanto tempo me está a mexer com os neurónios. Seis dias passaram desde que começou o novo ano, constantemente sinto espécies de dejá vu como se exactamente à um ano atrás estivesse a dizer estas mesmas palavras. Hoje acordei com uma certa vontade de tudo aquilo que tinha, os amigos que deixei para trás, as pessoas que todos os dias se preocupavam e estavam lá comigo. Quando emigrei o à quase dois anos atrás avisaram-me constantemente sobre o mal que os portugueses fazem uns aos outros e todas as rivalidades que entre eles existiam. Confesso que assisti a alguns casos mas nenhum direccionado comigo. Fiz vários amigos e a maioria deles portugueses e NUNCA tive qualquer tipo de problemas com eles, muito pelo contrário, era como se estivesse em Portugal e a minha família estava presente, porque para mim, era isso mesmo, família... Quando penso nisso, penso também que ali estavam os meus verdadeiros amigos! Desde que regressei a Portugal, e com tudo o que aconteceu perdi muita gente, muita gente se afastou e eu não senti mais necessidade de procurar. Respeitei a vida de cada um, e sabia que o facto de eu ter perdido um filho não era fácil para quem me rodeava porque o assunto não é fácil... Mas será que por ter mesmo perdido o Francisco é que não deveria ter ainda mais apoio? É como se quando estivesse tudo bem todos estavam comigo, e quando a minha vida desmoronou nada mais me restou... Ao invés disso aqueles que estavam longe foram incansáveis comigo e mesmo longe mostraram aquilo que eu, no fundo, sempre precisei, amizade.
Sei que não sou uma pessoa fácil, sei que tenho um feitio muito difícil e mais ainda com todo o caminho que tenho percorrido e me tem tentado derrubar, mas nada disso é suficientemente lógico para que outras pessoas se afastem...
Dois mil e catorze acabou, dois mil e quinze trouxe-me mais orgulho, sei que sempre dei parte fraca e lutei por toda a gente, mas entrei no novo ano com amigos no coração, e são esses que quero continuar a levar para a vida...

Aos que estão cá, sei que tenho andado distante e fria, mas realmente nada tem sido fácil e eu própria tenho afastado toda a gente mude... 
Aos que estão longe, espero um dia poder reencontrar-vos e aproveitar aquilo que melhor temos, a vida... Guardo com um enorme carinho todos os momentos que passamos juntos, todos mesmo. Tenho imensas saudades.
















Mil beijinhos

sábado, 3 de janeiro de 2015

O primeiro do ano

Bom ano a todos os meus seguidores.
Pois é, 2014 já lá vai e cá estamos para presenciar mais uns quantos capítulos na nossa vida. Estou muito contente por saber que a minha página no facebook e aqui o meu cantinho está a ter outra visibilidade e cada vez mais pessoas me acompanham. Não sei, nem tenho como agradecer, apenas irei esforçar-me ao máximo para manter ambos o mais activos possível.
A passagem de ano correu muito bem, apesar de não ter sido aquilo que teria planeado, após um dia intenso de trabalho, foi apenas chegar a casa mudar de roupa e ir jantar com a família. Comecei bem o ano junto dos meus, e sempre com o meu amor do meu lado. Mas, o segundo dia do ano já não foi assim tão bom, a minha TVP voltou a dar sinais de vida, e as dores, o inchaço voltaram, pois é, abusei nas comidas, e no álcool e agora, descansa Carla. Ontem à noite apanhei um enorme susto quando vi a minha mão a ficar exactamente com os mesmos sintomas que a minha perna teve no inicio, roxa, inchada e a dor a aparecer, resultado: perdi a força nos dedos... Desta vez não falo de pouca sorte, porque eu sou a maior responsável de tudo isto. Hoje, seria dia de trabalho se tudo estivesse bem, mas o dia será para descanso e estudo que ainda falta um bom caminho.

Que este novo ano me traga mais felicidade e menos tristeza, que tudo de bom esteja para chegar, e todas as maldades tenham ficado em 2014!

Bom ano a todos e sejam imensamente felizes *