quinta-feira, 27 de abril de 2023

Filhos de pais separados - Parte I

 Há assuntos que devem ser debatidos, que devem ser falados, devem ser discutidos. Os inúmeros casos que existem de filhos de pais separados refletem-se muitas vezes nas próprias vidas. São casos e casos. E hoje decidi começar a partilhar-vos uma história, verídica, de alguém que tem de educar um filho, um filho de pais separados.

Uma mulher quando casa, idealiza um futuro. Sonha acordada, repensa nos seus ideais, até se esquece um pouco de si própria.

Quando vai, vai com amor, vai com esperança. Leva uma mala cheia de projetos a dois.

Um casamento, é para sempre. Será mesmo?

Sou filha de pais separados. Mas não cresci assim.

E como é ser filho/a de pais separados?

...

A Beatriz não era diferente. Quando casou, rumou num futuro incerto. Levou a bagagem dos sonhos e o coração carregado de amor. O lugar onde estavam era indiferente, desde que estivessem juntos.

Tudo era perfeito. Construir família e viver o amor. Mas na linha ténue da nossa vida, há pontas soltas que quando não reparadas levam à rutura. Tal como, quando fazemos uma camisola e a linha rompe, se não a repararmos na agulha, a camisola fica com defeito.

E a Beatriz percebeu que a relação dela se tornara numa camisola com defeito. Que após várias tentativas para reparar a linha, ela rebentou.

Findar um relacionamento não é fácil, mais ainda quando os planos têm todos de ser pensados e repensados para o bem-estar de um filho.

A Beatriz assim o fez, juntamente com o Miguel, pensaram na melhor forma de terminar a relação deles, deixando prevalecer a amizade. O Mateus, que era fruto daquele amor, tinha tudo para ser um menino feliz, e de uma coisa eles tinham a certeza, amor não lhe iria faltar.

Mas tudo é fácil quando a relação é apenas entre os dois...

Quando a Beatriz e o Miguel voltaram para casa dos pais, a relação de amizade não tardou em cair por terra. Há sempre alguém que vem opinar sobre as decisões que tomamos. Ainda mais quando são os nossos pais e ainda acham que podem tomar decisões por nós e nos fazer acreditar em verdades que são mentiras.

Assim começou o pesadelo de Beatriz, quando acreditou que tudo poderia correr bem, apesar daquela relação desgastada...



(continua...)

terça-feira, 25 de abril de 2023

Desabafo #19

 A vida está a fluir, à velocidade da luz. Tudo está a mudar, o mundo a girar e não consigo ver um futuro tão risonho como à uns anos achava que iria ser.

E não me refiro a mim, aos meus. Refiro-me ao mundo mesmo, e naquele que o meu filho vai crescer. Assusta-me. Assusta-me perceber que a inocência dele vai simplesmente desparecer, como um balão que rompe pelo céu. Assusta-me sobretudo perceber que o futuro que tanto idealizamos para os nossos filhos vai ser difícil. Por diversas razões.

Certo, esta visão já surgiu, provavelmente, aos nossos pais, eles achariam também que seria difícil para nós. E a nossa geração mostrou-se rija e forte pronta a superar vários desafios. 

A ideia de voltar a ser mãe assusta-me (e não, não estou grávida!). Para além dos motivos óbvios que nunca me vão abandonar, o futuro assusta-me mais ainda. Será este o mundo ideal para procriamos e darmos vida? Egoísmo da minha parte, mas eu faço parte da percentagem maternal que diz que os filhos são do mundo, e só nos estão emprestados por breves momentos. 

Estarei eu pronta para dar mais vida?

A pergunta que não quer calar, estarei eu pronta para deixar o Salvador ser do mundo?