domingo, 28 de setembro de 2014

A dieta do limão

Após o parto fiz várias tentativas para emagrecer, a primeira correu bem e consegui perder por completo os onze quilos que ganhei durante a gravidez, a segunda, a terceira... e afins, começaram a correr mal, muitas mulheres sabem qual é aquela sensação de começar só amanhã e por muito esforço que se façam, são mais os dias de lixo do que aqueles que se faz o esforço. A verdade é que eu preciso de um bom incentivo, e o facto de estar limitada a não poder fazer exercícios e/ou caminhadas não ajuda mesmo nada. Mas, mesmo dessa forma, continuo a fazer pesquisas sobre dietas, e mesmo coisas simples que posso fazer em casa, mesmo que não seja um enorme esforço.
No site "Melhor com saúde", encontrei este artigo super interessante. Mesmo que todas as minhas dietas sejam um fracasso, a verdade é que já cortei na maior parte dos alimentos calóricos, assim como os refrigerantes. No entanto, este artigo chamou-me mais à atenção por ser de limão, adoro tudo o que seja feito com este fruto, desde bebidas, a bolos...
O limão, além de ser um cítrico rico em vitamina C, tem grandes propriedades que ajudem a emagrecer, por essa razão, é utilizado para realizar uma dieta que pode ser muito efectiva.
Graças à dieta do limão, é possível perder peso com grande rapidez, mas temos de levar em conta que essa dieta é muito rigorosa, por isso é recomendado que se faça apenas em cinco dias. Pode ser feita duas vezes ao ano, com o propósito de emagrecer ou simplesmente limpar o organismo da grande quantidade de impurezas que se acumulam, especialmente pelo consumo indevido de alguns alimentos.



Como realizar a dieta?

Segunda-feira
Durante todo o dia, beber o sumo de limão diluído em água em temperatura ambiente. No almoço e ao jantar, comer verduras cozidas. Não se pode comer batatas.

Terça-feira
Para o pequeno almoço: chá de limão.
Ao almoço, dois copos de limonada em temperatura ambiente; um prato grande de salada de cenoura; tomate e agrião; 2 rodelas de abacaxi.
Jantar: dois copos de limonada em temperatura ambiente, um prato médio com arroz integral e um ovo cozido; uma pêra.

Quarta-feira
Para o pequeno almoço: chá de limão
Almoço: dois copos de limonada em temperatura ambiente; um peito de frango grelhado com limão; tomate em rodelas com um pouco de sal e azeite de oliva; uma maça.
Jantar: dois copos de limonada em temperatura ambiente; uma porção de puré de abóbora; salada de alface e tomate; dez a quinze morangos.

Quinta-feira
Pequeno almoço: chá de limão
Almoço: dois copos de limonada em temperatura ambiente; uma porção de peixe grelhado com limão; salada de beringela; duas rodelas de abacaxi.
Jantar: dois copos de limonada em temperatura ambiente; abobrinhas recheadas com arroz integral e queijo; puré de cenoura; uma pêra.

Sexta-feira
Para o pequeno almoço: chá de limão
Almoço: dois copos de limonada em temperatura ambiente; uma porção de frango assado sem pele; espinafre gratinado; duas rodelas de melão.

A limonada pode ser tomada o quanto desejar, mas deve ser diluído em água e temperatura ambiente. Por estar a tomar VARFINE, uma grande parte dos alimentos mencionados, não posso ingerir, como tal, terei de adaptar a outros alimentos. Que Deus me dê força de vontade...

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Pré-eclâmpsia, Sim ou Não?

Após estes quase três meses, e conversas com médicos particulares e pessoas entendidas no assunto, foi mencionado várias vezes que poderia ter sofrido de pré-eclâmpsia na gravidez.

O que é pré-eclâmpsia?
É uma doença durante a gestação em que após a 20ª semana (fim do 2º ou 3º semestre), a gestante desenvolve hipertensão e desenvolve proteína na urina.

Sinónimos
Hipertensão induzida pela gravidez. 

Causas 
A causa exacta da pré-eclâmpsia ainda é desconhecida. As possíveis causas incluem:
  • Doenças auto imunes
  • Problemas nos vasos sanguíneos
  • Dieta
  • Genes
A pré-eclâmpsia ocorre numa pequena percentagem das gestações. Os factores de risco incluem:
  • Primeira gestação
  • Gestação múltipla (gémeos ou mais)
  • Obesidade
  • Idade superior a 35 anos
  • Histórico anterior de diabetes, hipertensão ou doença renal.




Exames




O médico realizará um exame físico e solicitará testes 
laboratoriais. Possíveis sinais de pré-eclâmpsia:
  • Hipertensão, geralmente maior do que 140/90 mmHg
  • Proteína na urina
O exame físico também pode indicar:
  • Inchaço nas mãos e no rosto
  • Ganho de peso

Também serão realizados exames de sangue e de urina. Os possíveis resultados anormais incluem:
  • Proteína na urina
  • Nível de enzimas hepáticas mais alto do que o normal
  • Contagem de plaquetas inferior a 100.000

O médico também solicitará outros testes para verificar a coagulação do sangue e monitorizar a saúde do bebé, sendo esses o ultrassom e perfil biofísico. Os resultados desses testes ajudarão o médico a decidir se o parto do bebé precisa ser realizado imediatamente. As mulheres que, no início da gestação, tinham pressão arterial muito baixa. mas apresentaram um aumento significativo, precisam ser monitorizadas cuidadosamente para verificar a ocorrência de outros sinais de pré-eclâmpsia. 

Sintomas
Geralmente, as mulheres diagnosticadas com pré-eclâmpsia não se sentem doentes.
  • Inchaço nas mãos e rosto
  • Mais de um quilo por semana
  • Ganho de peso súbito em um ou dois dias
Observação: apresentar um pouco de inchaço nos pés e tornozelos é considerado normal durante a gravidez. 

Sintomas de pré-eclâmpsia mais grave:
  • Dor de cabeça constante ou latejante que não desaparece
  • Dor abdominal, sentida principalmente no lado direito, abaixo das costelas. Também é possível sentir dor no ombro direito ou confundi-la com azia, dor na região da vesícula biliar, vírus estomacal ou pontapés mais fortes do bebé.
  • Agitação
  • Diminuição da quantidade de urina, não urinar com muita frequência
  • Náusea e vómito (sinal preocupante)
  • Alterações na visão, como perda temporária da visão, sensação de luzes piscando, auras, sensibilidade à luz e manchas.

Tratamento
A única forma de curar a pré-eclâmpsia é realizar o parto do bebé. Se este não estiver totalmente desenvolvido e a pré-eclâmpsia não for grave, a doença geralmente pode ser controlada em casa, até que o bebé tenha uma boa hipótese de sobreviver após o parto. As principais recomendações são:
  • Repouso absoluto, deitada sobre o lado esquerdo o tempo todo ou a maior parte do tempo
  • Beber bastante e diminuir o consumo de sal
  • Realizar consultas mais frequentes com o médico para garantir que a mãe e o bebé estão bem
  • Medicação para diminuir a pressão arterial (em alguns casos).
Em alguns casos, a gestante com pré-eclâmpsia é internado num hospital para que a equipa médica posso monitorizar cuidadosamente a mãe e o bebé. 



Na última consulta, que foi no início das 34 semanas, realizei, como em todas as consultas o exame à urina, onde existia proteína na urina, e depois aumento da tensão arterial, o aumento de peso em duas semanas, também foi significativo, cerca de cinco quilos. A partir dos seis meses as minhas pernas começaram a inchar, e aproximadamente no fim dos sete meses o meu rosto também começou a inchar. A única coisa que o meu médico disse foi que, deveria descansar mais e que tudo estava normal. O que agora, supostamente prova-se que não é verdade. 
Negligência médica? Ainda muita coisa está por descobrir. 

sábado, 20 de setembro de 2014

Desabafos...

Mesmo que não tenhas as palavras para escrever é só isso que sinto vontade. Consigo falar de ti sem chorar, consigo contar e recontar todos os meus passos com um sorriso de felicidade, e esses sentimentos não são falsos, mas não consigo mostrar a dor, aquela dor que não desaparece nunca do meu peito, aquele dor que vai viver sempre comigo mas diminuindo de intensidade... 
Quando olho para outros crianças queria que fosses tu, principalmente meninos pequenos, queria ouvir-te a chorar e poder abraçar-te e mimar-te com tudo aquilo que posso, porque só Deus sabe o quanto eu queria ter essa oportunidade. O meu sonho foi interrompido porque um desvio do destino. Agora que te quero dar um mano não posso, não quero pensar que seja uma maldade porque eu não vou desistir, sei que vou correr longos caminhos, mas o meu sonho vai ser concretizado. 
Já tive tantas conversas sobre ti, sobre o que nos aconteceu, já ouvi histórias como a nossa, já ouvi histórias bem piores, e a cada passo a minha ânsia de ser mãe apenas aumenta. 
Meu bebé, estou com saudades, não gosto destes momentos em que tenho tempo de pensar no quanto me dói aqui dentro, eu quero sofrer e chorar, mas preferia não ter tempo para isso, eu sei que é um direito meu, mas eu preciso de sobreviver a tudo isto. Eu sei que choro agora e acordo a sorrir com mais força, mas estes momentos são tão complicados! Estou ansiosa por conseguir abrir as malas com a tua roupinha, a tua mala do hospital ainda está ali, não a mexi, e só me apetece abri-la e sentir aquele cheirinho, mas a coragem falta-me nestes momentos. 
Olho à minha volta e por vezes sinto-me sozinha, e sei que não estou, sei mesmo, tenho o apoio de muita muita gente, talvez de quem menos esperava, e de quem esperava não mostra interesse. A dor é minha, eu sei, mas preciso de pessoas do meu lado que estejam dispostas a ouvir-me seja a conversa que for e não a ignorar o assunto... 
Sinto-me cansada, tenho tido tantas dores de cabeça, eu sou forte e a cada dia que passa tenho mais certeza disso, eu aguento, mas esgoto-me completamente em cada passo que dou para lutar por isto. Estou farta que comparem os problemas pessoais de cada um com a perda de um filho... 
A dor é minha, mas a força é transmitida por aqueles que me rodeiam...

Tenho saudades tuas Francisquinho, já deves estar cansado de ouvir a mamã falar para ti, mas sinto-me bem assim, deito tudo para fora.
Amo-te com todas as minhas forças. 

domingo, 14 de setembro de 2014

Trombose Venosa Profunda (TVP)

Nomes relacionados:
Trombose, flebite, Tromboflebite, flebotrombose e doença trombólica.

É o desenvolvimento de um trombo, designado também por coágulo de sangue, dentro de um vaso sanguíneo venoso, podendo esse trombo determinar obstrução venosa total ou parcial.
A TVP é responsável por sequelas de insuficiência venosa cronicá: dor nas pernas, edema (inchaço) e úlceras de estase (feridas), sendo também responsável por uma doença ainda mais grave, embolia pulmonar. 
O desenvolvimento da TVP é complexa, podendo estar relacionado com os factores seguintes:
  • Estase venosa:
Situações em que há diminuição da velocidade da circulação do sangue. Por exemplo: pessoas acamadas, cirurgias prolongadas, posição sentada por muito tempo (viagens longas em espaços reduzidos - avião, autocarro)

  • Lesão do vaso:
O vaso sanguíneo normal possui paredes internas lisas por onde o sangue passa sem coagular. Lesões, rupturas na parede interna do vaso propiciam a formação de trombos, como, por exemplo, em traumas, infecções, medicações endovenosas.

  • Hipercoagulabilidade 
Situações em que o sangue fica mais susceptível à formação de coágulos espontâneos como, por exemplo, tumores, gravidez, uso de anticoncepcionais, diabete, doenças do sangue.

Embora possa acometer vasos de qualquer segmento do organismo, a TVP acomete principalmente as extremidades inferiores (coxas e pernas). Algumas pessoas estão sob mais risco de desenvolver TVP quais sejam: história de TVP anterior ou embolia pulmonar, varizes, paralisia, anestesias gerais profundas, cirurgias ortopédicas, fracturas, obesidade, quimioterapia, imobilização prolongada, uso de anticoncepcionais, gravidez, queimaduras, entre outros. 

Sintomas:
  • Aumento da temperatura local
  • Edema (inchaço)
  • Dor
  • Empastamento (rigidez da musculatura)
Diagnóstico:
Através de exames específicos como:
  • Flebografia
  • Ecodoppler a cores
  • Ressonância nuclear magnética
Tratamento:
Utilização de medicação anticoagulante (que diminuem as hipóteses do sangue coagular) em doses altas e injectáveis (via endovenosa ou subcutânea). Existem ainda medicamentos anticoagulantes que não necessitam de acompanhamento laboral frequente, embora propiciem ao paciente a mesma segurança no trabalho.

Prevenção:
Ficar muito tempo parado, sentado, propicia o aparecimento de TVP. Portanto, sempre que possível, não ficar muito tempo com as pernas na mesma posição. Para os que já têm insuficiência venosa e, por conseguinte, maior risco de trombose, o uso de meias elásticas é recomendado.

O que aconteceu comigo?

Numa Quarta-feira após o banho, reparei que tinha a perna esquerda bastante inchada e com uma cor avermelhada. À três anos atrás, a minha cunhada tinha sofrido uma trombose e lembro-me perfeitamente da forma como a sua perna estava. Achei por bem ir ao hospital, porque o facto da cor ter mudado deixou-me um pouco preocupada. Dirigi-me ao hospital de Famalicão, e depois de me observarem, desconfiaram da hipótese de trombose. Nesse dia não havia médico para fazer ecodoppler, nem mesmo no dia seguinte estaria. Então, passei a noite no hospital, deram-me uma injecção para o sangue circular melhor, e no dia seguinte fui transportada para o hospital de Braga. Dezassete horas depois de estar em dois hospitais, disseram-me que não teria sido detectado trombose venosa profunda, e ainda tive o azar de apanhar um médico arrogante que me disse que eu tinha excesso de peso e para que passasse, eu teria de perder peso. Enfim, mais um incompetente que me apareceu pelo caminho. Passaram-se dois dias, e depois de ter ido de férias para a Apúlia, a perna continuava inchada, cada vez mais, até que não consegui mais andar, nem tão pouco colocar o pé no chão. Tomei um banho de água quente, pois pensei que poderia ser os músculos, talvez uma contracção muscular, tal como me aconteceu nas costas umas semanas antes. Após o banho, a perna ficou completamente roxa, e a cada minuto sentia mais e mais dores. Então resolvi dirigir-me novamente ao hospital, desta vez de Fão. Nas urgências voltaram a dizer-me que era trombose e escreveram uma carta para o hospital de Braga para que voltasse a fazer a ecodoppler. E mais uma vez, assim foi. Desta vez foi imediatamente detectado TVP. Deram-me uma injecção e receitaram-me injecções e VARFINE para tomar em casa. Durante a semana de férias fiz o tratamento todo em casa, o Fábio dava-me as injecções, duas por dia, de manha e à noite. Fiz o controlo de sangue a meio da semana, na Quarta-feira, os níveis deveriam estar entre 2.0 e 3.0, e estava a 1.7. A partir daí comecei a fazer controlo de sangue todas as segundas, e agora, felizmente, já passei para quinze dias, e depois, espero que seja sempre de um mês. 
Ainda não me disseram ao certo qual foi a causa para que isto me tivesse acontecido, poderia ter sido a pílula que comecei logo a tomar após o parto, mas terei de fazer alguns exames para detectar a causa. Numa das minhas pesquisas a blogs de mães, tive especial atenção às causas de abortos que surgem (apesar de comigo já não ter sido considerado aborto), por trambofilia. O que é a trambofilia? É a propensão a desenvolver trombose ou outras alterações e qualquer período da vida, inclusive, durante a gravidez, parto e pós-parto, devido a uma anomalia no sistema de coagulação do corpo.
Por isso, agora, aconselho a todas as recém mamas a não tomarem logo a pílula, ou pelo esperar no mínimo um mês, mediante aquilo que for aconselhado pelo médico, para que não corram o risco de sofrer uma trombose venosa profunda. Eu fui aconselhada a tomar de imediato após o parto, por não estar a amamentar, e, infelizmente, aconteceu-me isto! Fiquem atentas a qualquer sinal e/ou sintoma!

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Dois meses depois...

Meu Francisquinho,
é tão horrível tudo isto que nos está a acontecer. Não é justo ainda não te terem deixado em paz, depois de todo o sofrimento que passaste, eu passei, o papá passou. Sentimos tanto a tua falta. O tempo está a ajudar a amenizar a dor, ajuda a recordar todos os bons momentos que passei quando ainda estavas dentro de mim. Esta semana disseram-me que a gravidez é um mistério, e é, como é possível gerar dentro de nós um ser? Eu gerei-te, com tanto, mas tanto amor. Há coisas que ainda hoje eu não me consigo perdoar, há tanta coisa que eu queria mudar e não posso. Tanta gente que te quis conhecer, tanta gente que te amou mesmo antes de nasceres, tão desejado... Eu sei que brevemente estarás bem nas mãos de Deus, onde eu sempre pensei que já estarias, mas este mundo cruel não está a permitir que tenhas descanso. Tantos incompetentes que tomaram conta de ti, como pude eu deixar? Eu fiz aquilo que achei que seria o melhor, para ti, para mim, para todos. 
Eu ainda choro de saudade, mas menos, cada vez menos, porque quero sorrir contigo, quero continuar a olhar para o céu e saber que ainda estás lá. Sabes, a prima Nair disse-me que te viu: "Eu ontem vi o Kikinho nas estrelas!", pergunta-me tanto por ti, por vezes não sei o que responder. Queria tanto ouvir-te chorar agora, não me importava nada de passar noites em branco a ouvir-te chorar. Tudo seria mais fácil se estivesses comigo. Mas Deus sabe o que fez, e sabe o que está a fazer agora. Eu e o o papá sempre prometemos que nada te faltaria, não estás aqui, mas podes ter a certeza que vamos lutar até ao fim para que tudo isto fique resolvido e tu possas estar em paz. 
Perdoa-me se não faço o suficiente, ou se não faço o que está certo, eu esforço-me tanto. Sinto-me tão perdida, não sei para onde me hei-de virar, não sei se faço as coisas certas ou erradas, mas eu vou arriscar, por ti eu faço tudo e vou lutar até ao último batimento cardíaco, porque és a minha prioridade, e mesmo que não entendam a minha necessidade de o fazer, eu fazê-lo-ei. 
Tenho tantas saudades meu filho, estarias agora a fazer dois meses. Perdi toda a oportunidade de te ver crescer perfeito e saudável. Agora tudo é mais complicado para a mamã voltar a engravidar e dar-te um irmão. Será que as coisas más não param de acontecer?
Espero que te dêem descanso brevemente para que eu fique descansada sabendo que estás em paz.
Prometo não abandonar, muito menos desistir disto. Vou lutar meu amor, prometo!
Amo-te mais do que à minha própria vida, e o papá também! Eu sei que ele não fala tanto contigo como eu, mas tu sabes que ele sente tanto a tua falta como eu...
Meu filho.


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Entre tristezas e processos!

Realmente quando um problema aparece nunca vem sozinho. Passei por uma fase terrível na minha vida, a perda de um filho, a maior dor e angústia que alguma vez posso sentir. Quando o Francisco nasceu, pensei que a melhor solução seria a doação do corpo, isto porque sempre fui a favor das doações de órgãos e tudo o que possa ser reunido para estudo. Nunca eu pensei que, uma simples doação pudesse trazer tantos contratempos e confusões. Logo na primeira semana após o seu nascimento, recebi uma chamada da morgue de Braga a fazerem-me uma pergunta terrível: "O que fazemos com o corpo do seu filho?", confesso, na altura a pergunta não me pareceu tão má quanto é agora, depois deste tempo. Respondi de imediato que teriam de contactar o hospital de Famalicão porque foi lá que tratei de todos os procedimentos, assim como a autorização para a doação do corpo. Depois disso, nada me foi dito e pensei sempre que o assunto estaria resolvido e não teria mais de me preocupar. Queria sofrer tudo, queria ficar descansada, principalmente ao saber que o meu filho estaria bem agora nas mãos de Deus, sem mais sofrimento, sem mais problemas, com tudo resolvido. Mas não foi assim, passado, exactamente um mês fui novamente contactada com a mesma pergunta: "O que fazemos com o corpo do seu filho?" Como é possível passado este tempo, passado um mês ainda estarem com o caso parado e nada terem feito com o meu bebé? Não consegui responder a essa pergunta, desta vez teria sido o hospital de Famalicão, e apenas me disseram que me deveria dirigir à Universidade do Minho para resolver o assunto, pois passado este tempo, um mês, a doação estaria fora de questão porque o corpo já não é aceite. Assim o fiz, depois de passar uma noite no hospital (devido ao inico da trombose), dirigi-me à Universidade do Minho, em Braga, ao que me foi dito que nada sabiam deste caso, que realmente teria passado por lá um corpo de um recém nascido, mas não faziam ideia do que se tratavam. Como é possível? Falam com tanta naturalidade de passar um corpo pelas mãos sem saberem a quem pertence. Fiquei revoltada. Este país anda a brincar com os sentimentos das pessoas. Fiquei sem saber o que fazer, na minha cabeça só me perguntava, se realmente o corpo teria de ser doado, porque não ficou ali? Pior, como é possível não saberem a quem pertence aquele corpo? Deixei a Universidade com a promessa que me voltavam a contactar sobre o assunto. Novamente, nada me disseram, mais umas semanas passou, e agora, passados quase dois meses voltei a receber uma chamada exactamente com a mesma pergunta: "O que fazemos com o corpo do seu filho?", NÃO, agora é demais, agora não vou ficar parada por isto chegou longe demais, agora tenho mesmo de me dirigir a tudo onde é sítio e saber o que se passa realmente. E assim foi, como tenho todas as segundas feiras de estar a manhã inteira no Hospital de Braga, fui à casa Mortuária para saber o que se passava. "Têm de fazer o funeral ao vosso filho, senão o Ministério Público cai em cima de vocês!" O quê? Funeral? Depois de ter assinado documentos com autorizações para doar o corpo? Depois do meu marido vir de propósito de França para assinar a mesma autorização? Depois de quase dois meses dizem-me que tenho de fazer um funeral? Revoltei-me, disse que não o faria porque assinei tudo para que o corpo fosse doado, e que passados estes dois meses, vinham voltar a trazer sofrimento aos nossos corações! Não sabia o que dizer, eles tinham de resolver este problema. Mandaram-me ao hospital de Famalicão falar com a directora da Obstetrícia / Ginecologia para tentar perceber o que se passa. Assim o fiz logo de seguida. Mais uma vez, fiquei estupefacta com a resposta de uma directora: "Não sei o que vos fazer, têm de resolver o problema não têm outra opção. O ideal é até contratarem um cangalheiro e meterem o corpo lá dentro!" Olhei para o Fábio e não acreditei na resposta de uma directora de hospital, deveria estar a sonhar certamente porque aquilo não poderia ser palavras certas. Abrir buracos? Atirar o corpo lá para dentro? Em que mundo estamos afinal? 
No fim do dia, fui a uma agência funerária, nós não sabíamos o que havíamos de fazer com este grande problema, mas, como pode ser? Temos as autorizações de uma coisa e no fim deste tempo temos de fazer uma coisa completamente diferente? O agente funerário aconselhou-nos colocar um processo aos hospitais por negligência, é muito grave o que eles fizeram. Ligamos a um advogado e o mesmo nos disseram. No momento, entramos no dilema, fazemos o funeral e o assunto fica encerrado, ou entramos com um processo e não deixamos passar em branco todos estes negligentes, todos estes irresponsáveis pelos erros que cometeram. E a segunda opção foi escolhida, marcamos uma reunião com uma advogada, e demos início a um processo que se avizinha ser longo e muito duro. O sofrimento nunca mais vai acabar, e vamos andar sempre nesta roda viva até tudo acabar. O meu bebé continua ali, sem destino, sem rumo. Não deram um fim à alma de um pobre ser indefeso, pior do que isso, andaram este tempo todo a brincar com os nossos sentimentos, e a ignorar um caso que agora se tornou muito, muito grave.  
Tudo começou em Guimarães, quando me foi negada uma consulta nos últimos dias de gravidez, onde o meu filho já não tinha vida no meu ventre. Continuou com um hospital que mandou o corpo para o hospital errado. No fim de contas, ninguém aceitou o corpo do meu filho, e ninguém assume as culpas!
Vou lutar, ai acreditem que isto não vai passar em branco. Eu irei procurar forças onde não as encontrar, mas podem ter a certeza que o meu filho vai ter um fim digno, mesmo depois de vida sofre com as irresponsabilidades das outras pessoas. País sem jeito, país incompetente. Formam-se, ingressam no ensino superior para serem incompetentes. 

França, vou ou fico? Agora aparecem tantas dúvidas, não consigo abandonar o país e deixar o caso para trás, sinto que estou a ignorar o meu filho e a não dar a atenção que precisa. Fico, tenho de começar tudo de novo. Já não sei mais para onde me hei de virar. As respostas demoram a aparecer.

Que os meus erros sejam as lições de alguém!

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Efeitos da Epidural (sem mitos)

Para muitas grávidas a perspectiva de ter um parto sem dor é tentadora, mas, por outro lado, pesam os receios de que a epidural possa trazer consequências negativas para a mãe, como para o bebé.
Hoje em dia, a epidural é uma opção de quase cem por cento das grávidas que fazem o parto nos hospitais privados, e oitenta por cento nos hospitais públicos. Mas, apesar da sua utilização ser tão ampla, ainda persistem algumas dúvidas e mitos. O pior receio das mulheres é que as deixe paraplégicas, mas é um risco completamente nulo, por três razões: a primeira, a epidural não é dada a mulheres com problemas de coagulação do sangue; a segunda, a epidural é realizada na região lombar inferior, onde já não existe a medula como estrutura individualizada; terceira, as grávidas estão em ambiente hospitalar e monitorizadas, pelo que o aparecimento de qualquer sinal suspeito levaria a diagnóstico e intervenção rápida, de forma a não haver sequelas.
Muitas mulheres, não temendo o pior, têm receio das complicações, uma delas é a punção acidental da duramanter (membrana que envolve a espinal medula) que origina em muitos casos uma dor de cabeça, tipo enxaqueca, algumas horas após o nascimento do bebé. A sua resolução é muito fácil, passa pela toma de analgésicos orais e repouso.
Relativamente ao feto, não faz mal nenhum ao bebé. A epidural é uma anestesia regional que actua bloqueando a sensibilidade à dor numa determinada área nervosa, insensibilizando essa região. Os anestésicos administrados para esse efeito não atravessam a placenta, pelo que não prejudicam o bem-estar do bebé.

Efeitos secundários:
(os mais vulgares são)
  • purido (comichão)
  • parastesias (formigueiros) nos membros inferiores
  • descida da tensão arterial
  • náuseas ou vómitos
  • dificuldade em urinar
  • sonolência
  • subida da temperatura central

Normalmente estes efeitos são de intensidade ligeira, pelo que não incomodam muito a grávida, ainda assim, há soluções rápidas para o seu alívio caso provoquem algum mal-estar.


A epidural tem sido acusada de levar a um aumento do tempo de trabalho de parto, bem como há maior possibilidade de instrumentalização (necessidade de recurso a ventosa). A epidural pode, de facto, atrasar alguns minutos a fase expulsiva do trabalho de parto. No entanto, numa epidural bem conduzida não existe bloqueio motor, ou seja, não há diminuição da capacidade da grávida para fazer força.
O alivio da dor proporcionado pela epidural não se limita ao trabalho de parto, estendendo-se ao período pós-parto. Pelo menos durante as duas a três primeiras horas, as grávidas ainda sentirão alivio da dor, devido também à episiorrafia (1) e contracção uterina. Caso seja necessário nos casos em que a episiorrafia é muito extensa, o cateter (2) pode manter-se, durante dois a três dias, para uma analgesia mais eficaz no pós-parto.
Na grande maioria dos casos, a experiência do parto com epidural é positiva para as mães, permitindo-lhes apreciar o momento de uma forma menos tensa, sem a carga negativa associada à dor. O recurso ou não à epidural é sempre e apenas uma questão de opção da mulher que deve ser respeitada. 

(1) Sutura da incisão efectuada na região do períneo para ampliar o canal de parto, sutura de um períneo lacerado. 
(2) É um tubo que pode ser inserido num vaso (cateter vascular),  numa cavidade corpórea natural, ou numa cavidade cistica, possibilidade a drenagem ou infecção de fluidos ou o cesso a instrumentos cirúrgicos. 

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Depois de toda esta pesquisa, pouco mais tenho a dizer... A verdade é que a epidural em mim teve vários efeitos, tal como me terem atrofiado os músculos, principalmente nas costas. O facto de ter tido a trombose também pode ter sido derivado da epidural mas ainda não está comprovado nos exames médicos. 
Espero que esta informação, e as próximas que irei publicar ajudam de certa forma as futuras mamas, e mesmo que tiveram um parto à pouco tempo. 

Beijinhos,
Carla Salgado

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Desabafo #12

Sabem aquela sensação de que tudo na vida corre mal? Por mais que uma pessoa queira acreditar que amanhã tudo será melhor, começa a ser complicado. Têm sido um mês tão complicado. Costuma-se dizer que um azar nunca vem só, e desta vez foi mesmo assim, vieram uns atrás dos outros. Não foi suficiente o sofrimento pelo qual passamos em Julho, a perda no nosso bebé e a tentativa de nos habituar-mos a uma "nova vida", os sonhos interrompidos, e todo o percurso para uma recuperação saudável. Começaram a aparecer as mazelas de toda a gravidez, as perdas de sangue, as dores nas costas, os maus estares, e depois uma trombose. Nunca na minha vida pensei passar por uma coisa tão má, nunca pensei necessitar de passar o resto da minha vida dependente de umas idas ao hospital controlar o sangue e a toma de medicamentos. Por muito que me digam que é melhor assim, que tudo vai correr bem, dentro de mim pouca esperança existe. As dificuldades a partir de agora vão ser maiores, o sonho de voltar a ser mãe, teve mais uma vez, que ficar estagnado e esperar muito mais tempo...
Mas, nada é impossível, e tudo na vida tem uma solução, a esperança volta, e a vontade de viver e acreditar nas coisas boas é muito maior. 
Apesar de tudo, não podia deixar de dizer que, do meu lado tenho um homem perfeito, que sofre comigo, chora comigo, e está do meu lado 24 horas por dia. Tudo por mim.
Obrigada meu amor, obrigada por estares do meu lado nestes momentos tão difíceis, sem ti nada teria corrido da maneira como correu, eu, certamente não estaria melhor. Cuidaste de mim em todos os momentos e agarraste-me em todas as quedas. És o eterno amor da minha vida.
Amo-te mais que tudo na vida.

Nos próximos posts irei falar sobre a trombose venosa profunda e sobre a epidural. Quero continuar a ajudar e a aconselhar todas as futuras mães, para que, mais uma vez não cometam os mesmo erros do que eu.

Beijinhos, 
Carla Salgado