terça-feira, 11 de julho de 2023

R E S T A R T . . .

Para todo um começo há um fim.

Quão assustador é recomeçar? 

Apanhei uma das viagens mais alucinantes da minha vida. Achava eu que já tinha vivido todo o tipo de experiências da vida adulta, doces ou amargas, e que todo o caminho a partir de agora fosse calmo, com os seus contratempos, mas propícios ao estado em que nos encontramos.

Não imaginava, à um ano atrás que a minha vida dava uma volta de 360º, com tropeços, quedas, feridas, mágoas, surpresas… Não estava minimamente preparada para o misto de emoções num curto espaço de tempo.

Estou a aprender a sobreviver sozinha. Na verdade é uma novidade para mim. 

A vida ensinou-me a ser resiliente muito cedo, mas também me presenteou com presença desde sempre. Tive sempre quem me desse a mão e me amparasse as quedas. Tive sempre quem me enxaguasse as lágrimas e me desse força para, no dia seguinte, continuar.

A vida está a ensinar-me a ser resiliente numa outra perspectiva. Não tenho quem me dê a mão, eu caio, e tenho de limpar as lágrimas sozinha. A força encontro-a, nos pequenos detalhes. E sabem uma coisa? It's fucking amazing!

Nunca é tarde para nada. Nunca é tarde para crescer, para aprender, para ser feliz, para amar. Nunca é tarde para viver, nunca é tarde para perceber que merecemos muito mais do que aquilo que a vida nos está a oferecer. 

Esta luta pelo recomeçar ainda agora começou. Ainda dói, ainda custa levantar sozinha, ainda procuro os lenços para limpar as lágrimas. Ainda olho á volta à procura de uma mão. Mas perceber que temos tanta força para nos levantarmos sozinhas, é só a melhor coisa do mundo. 

Se há algo que não quero perder em mim, é o amor que tenho. A capacidade de amar, de ser feliz, de sorrir e de nunca baixar os braços. Por este caminho tão artilhado, espero não me perder.

O caminho é em frente. E em frente está o futuro. E o futuro espera por mim. Espero que, de braços abertos.




sexta-feira, 2 de junho de 2023

To love is also to let go

Existem momentos na nossa vida que não passam disso mesmo, de momentos.

Tal como existem pessoas que, na nossa vida, apenas permanecem por esses exatos momentos.

Podia enumerar um bilião de momentos desses, não chegariam para suportar a dor que é deixar partir alguém de quem se ama. 

Durante alguns anos não acreditava nisso, não acreditava que era possível largarmos a mão do amor da nossa vida. Mas amar, também é deixar ir. 

Hoje eu sei que amar, é muito mais do que partilhar uma vida, do que partilhar momentos, experiências, amar vai mais além da construção do nosso futuro e a procriação da família.

Amar é sobretudo valorizar o outro. É perceber que, independentemente do que o nosso coração sente, há um momento em que prevalece a razão. E a razão e o coração nunca estão em concordância. 

Amar é deixar ir, mesmo que com ele leve todas as nossas entranhas e tudo aquilo que tanto demoramos a construir. 

É saber quando a felicidade deixou de prevalecer, mesmo que não seja a tua. É empatia, é respeito, é admiração, é coragem.

Coragem... vem de mão dada com a dor, que apenas o tempo irá ajudar a curar... 

Nem sempre existem finais felizes.

Nem sempre existe para sempre.

Mas o sempre existe, e os finais também...



terça-feira, 16 de maio de 2023

Quando eu morrer...

 Quando eu morrer, quero se lembrem de mim. 

Sejam pelas coisas boas ou más, quero que se lembrem que existi. Que vivi, sorri muito, chorei, gritei, fiz asneiras, resolvi problemas, quero que se lembrem que fui sempre feliz, em todas as fases da minha vida, independentemente do que possa ter acontecido.

Quero ser lembrada pelas músicas que ouvi, que dei uma banda sonora a cada momento da minha vida. 

Quero ser lembrada pela pessoa que eu fui. Para alguns boa pessoa, para outros má, mas mesmo não agradando a toda a gente, no meu coração, ficará marcado as boas ações que se sobrepõe a qualquer má atitude.

O que é uma má atitude numa magnitude de partilha e amor que consegui transportar para o outro?

Quero ser lembrada pela amiga que fui. Nada perfeita, nada fácil, mas presente, para quem mereceu a minha presença, calorosa e sorridente. O abraço, a palavra, esteve sempre lá. Nem sempre a agir da melhor forma, mas perfeição é algo que nunca consegui transpor.

Quero ser lembrada pela filha que fui, que apesar de tempestades e furacões, amei muito e tornei-me numa mulher forte graças aos meus pais. Porque não ganhamos força nas coisas boas, muito menos nos bons momentos. Ganhamos força na adversidade. E eu cresci na adversidade. Sou forte, e nunca ninguém me vai fazer acreditar no contrário, porque os meus pais, com os seus defeitos, também com as suas qualidades, mostraram-me que eu era capaz.

Quero ser lembrada pela irmã que fui, que mesmo ter aterrorizado tudo e todos não sabia viver sem o mimo e o apoio. Que o amor de irmãos é possuído pelo sentimento agridoce do amor e do ódio, crescemos a querer estrangulá-los e vivemos com saudade disso.

Quero ser lembrada da mulher, namorada e amante que fui. Nada fácil. Um caminho difícil que foi trilhado durante muitos anos. Mas se há elogio que recebo muitas vezes, é que sou a melhor esposa e mãe do mundo, e isso ninguém me tira. Quero ser lembrada que amei muito do meu jeito, que vivi intensamente cada momento. Que chorei, chorei muito, por medo de perder. Há amores que não se perdem, e eu vivi para experenciar isso.

Quero ser lembrada da mãe que fui... O melhor papel da minha vida. Quero que o meu filho se lembre de mim com sorrisos, como eu lhe ensino todos os dias, a sorrir, para tudo. Nas quedas, nos medos, tudo. Sorrir é a arma da nossa fortaleza. Quero ser lembrada pela esperança, pela força, pelo amor, o amor que transbordou todos os dias desde que fui mãe pela primeira vez. O amor que move mundos, montanhas, que derruba tempestades e furacões. O amor é a base de tudo. E todos os amo-te que eu não disse aos meus pais, ensinei o meu filho a dizer, normalizado. 

Quero ser lembrada pelo corpo às balas que viveu sempre, freneticamente, intensamente, descontroladamente.

Quero ser lembrada da criança mimada, a adolescente insegura, e a adulta madura que fui. 

Quem melhor do que eu para elogiar a pessoa que fui?

Quero ser lembrada, apenas.

Quando eu morrer...

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Filhos de pais separados - Parte II

 (...)

Quando encontramos aquela que é a pessoa com quem queremos passar o resto da nossa vida, vem também uma bagagem recheada. Os pais, os irmãos, todos aqueles que têm ligações emocionais. Muitas vezes ouvimos "casaste com o teu marido, não com a família dele". Será bem assim? Quantas, quantas pessoas não passam uma vida inteira com problemas com o cônjuge por conta dos familiares? Quantas não são as famílias destruídas por ouvir opiniões alheias?

Não sei vocês, mas eu procuro várias vezes a minha mãe para desabafar, talvez para encontrar respostas que não encontro. E quantas vezes isso não poderá prejudicar um casal?

Quando há o término de uma relação, os nossos pais tendem a tomar partidos, principalmente pelo lado dos filhos. Olham para o outro lado do casal com rispidez, com desagrado. E a pessoa certa são sempre os nossos filhos.

E assim começa o pesadelo da Beatriz.

Entre fins de semana e guarda partilhada do pequeno Mateus, a relação da Beatriz e do Miguel era cordial. Os pais do Miguel não aceitaram bem o fim da relação de ambos. A aversão que ganharam da nora foi tanta que acharam que o melhor caminho seria fazer com que o Miguel nutrisse o mesmo sentimento.

O pai do Miguel, o Joaquim era alcoólico, a forma como tinha de se abstrair dos problemas que a vida lhe impunha, e como se não bastasse, quando a raiva se juntava à vontade de beber, as agressões tornavam-se num escape.

O medo da Beatriz, para além de que o filho pudesse, de certa forma, sofrer deste tipo de agressões por parte do avô, eram as conversas que tinham perto da criança. Coisas que pudessem dizer ou fazer sobre a mãe que se pudesse refletir mais tarde em alguma represália.

Quando Beatriz percebeu que as coisas não corriam bem em casa dos pais do Miguel, teve de se impor, e assim, a relação cordial que tanto preservaram em manter chegou ao fim. Começaram-se a denotar comportamentos diferentes no Mateus, assim como a forma como ele tratava a mãe. Miguel não queria assim tanto saber do filho como queria transparecer nas redes sociais, o lugar onde tudo é cor-de-rosa.

Tudo começou a ser diferente.

Mateus tinha apenas três anos quando viu os seus pais a separarem-se. Uma criança indefesa, que pouco ou nada conseguia perceber daquele assunto, senão apenas de que, já não iriam viver os três juntos na mesma casa.

 


continua (...)

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Filhos de pais separados - Parte I

 Há assuntos que devem ser debatidos, que devem ser falados, devem ser discutidos. Os inúmeros casos que existem de filhos de pais separados refletem-se muitas vezes nas próprias vidas. São casos e casos. E hoje decidi começar a partilhar-vos uma história, verídica, de alguém que tem de educar um filho, um filho de pais separados.

Uma mulher quando casa, idealiza um futuro. Sonha acordada, repensa nos seus ideais, até se esquece um pouco de si própria.

Quando vai, vai com amor, vai com esperança. Leva uma mala cheia de projetos a dois.

Um casamento, é para sempre. Será mesmo?

Sou filha de pais separados. Mas não cresci assim.

E como é ser filho/a de pais separados?

...

A Beatriz não era diferente. Quando casou, rumou num futuro incerto. Levou a bagagem dos sonhos e o coração carregado de amor. O lugar onde estavam era indiferente, desde que estivessem juntos.

Tudo era perfeito. Construir família e viver o amor. Mas na linha ténue da nossa vida, há pontas soltas que quando não reparadas levam à rutura. Tal como, quando fazemos uma camisola e a linha rompe, se não a repararmos na agulha, a camisola fica com defeito.

E a Beatriz percebeu que a relação dela se tornara numa camisola com defeito. Que após várias tentativas para reparar a linha, ela rebentou.

Findar um relacionamento não é fácil, mais ainda quando os planos têm todos de ser pensados e repensados para o bem-estar de um filho.

A Beatriz assim o fez, juntamente com o Miguel, pensaram na melhor forma de terminar a relação deles, deixando prevalecer a amizade. O Mateus, que era fruto daquele amor, tinha tudo para ser um menino feliz, e de uma coisa eles tinham a certeza, amor não lhe iria faltar.

Mas tudo é fácil quando a relação é apenas entre os dois...

Quando a Beatriz e o Miguel voltaram para casa dos pais, a relação de amizade não tardou em cair por terra. Há sempre alguém que vem opinar sobre as decisões que tomamos. Ainda mais quando são os nossos pais e ainda acham que podem tomar decisões por nós e nos fazer acreditar em verdades que são mentiras.

Assim começou o pesadelo de Beatriz, quando acreditou que tudo poderia correr bem, apesar daquela relação desgastada...



(continua...)

terça-feira, 25 de abril de 2023

Desabafo #19

 A vida está a fluir, à velocidade da luz. Tudo está a mudar, o mundo a girar e não consigo ver um futuro tão risonho como à uns anos achava que iria ser.

E não me refiro a mim, aos meus. Refiro-me ao mundo mesmo, e naquele que o meu filho vai crescer. Assusta-me. Assusta-me perceber que a inocência dele vai simplesmente desparecer, como um balão que rompe pelo céu. Assusta-me sobretudo perceber que o futuro que tanto idealizamos para os nossos filhos vai ser difícil. Por diversas razões.

Certo, esta visão já surgiu, provavelmente, aos nossos pais, eles achariam também que seria difícil para nós. E a nossa geração mostrou-se rija e forte pronta a superar vários desafios. 

A ideia de voltar a ser mãe assusta-me (e não, não estou grávida!). Para além dos motivos óbvios que nunca me vão abandonar, o futuro assusta-me mais ainda. Será este o mundo ideal para procriamos e darmos vida? Egoísmo da minha parte, mas eu faço parte da percentagem maternal que diz que os filhos são do mundo, e só nos estão emprestados por breves momentos. 

Estarei eu pronta para dar mais vida?

A pergunta que não quer calar, estarei eu pronta para deixar o Salvador ser do mundo?

quinta-feira, 30 de março de 2023

Gratidão

 No culminar de todos os momentos que foram atravessando na minha vida, decidi agradecer a dádiva de ainda poder, sequer, agradecer.

O tempo está a passar a uma velocidade assustadora, basta olhar para o Salvador para perceber. Como é possível ter nascido ontem e já ter seis anos? Não consigo aceitar!

Tem sido uma luta interior constante. Há muita coisa pelo caminho que tem ficado por dizer e por fazer, por muito que tente não perder palavras nem pessoas, a verdade é que as paragens têm servido, essencialmente, para deixar coisas e carregar outras. Sejam sentimentos, momentos e pessoas, tudo tem sido uma linha na minha história.

O primeiro passo foi aceitar essas paragens. Aceitar essas saídas. Recuperar dos acidentes, reconstruir a estrada e continuar a viajar. 

Ao longo do percurso fui percebendo que para conquistar tudo aquilo que o caminho teve para me oferecer tive de aprender a abstrair-me do que me distraía do destino.

A vida torna-se mais bela quando está completa. E neste momento sinto que a vida não me deve nada, e tudo que dela provém, será apenas mais uma benção e um motivo para agradecer.

Nunca é demais enaltecer o amor. Que foi sempre o que me trouxe até aqui.

Há dias complicados que não consigo sequer demonstrar o que vem dentro de mim, há dias que o cansaço consegue ganhar uma força maior do que o afeto. Parece que nunca é dia de amar e de fazer feliz. E mais uma vez é preciso lutar contra isso.

Trabalhar-nos é o emprego mais difícil do mundo.~


Aos amores da minha vida,

Não há palavras suficientes que eu possa aqui escrever que demonstrem sequer o amor que nutro. Não forma, tamanho ou distância capaz de medir o amor. São a minha maior fraqueza e ao mesmo tempo a minha maior riqueza.

Orgulho-me da família que construímos. 

Com tantas estradas inacabadas, com tantos atalhos falhados, com tantos quilómetros percorridos.

Este caminho sem vocês, não tinha a mesma piada.

Obrigada por tudo e por tanto.

São os amores da minha vida.




sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

O meu pior inimigo sou eu.

 Não há melhor forma de começar uma reflexão crua e transparente.

Perder-me nos meros pensamentos que permanecem a cada minuto, nos medos e devaneios, nas incertezas e inseguranças... Descobri que o meu pior inimigo sou eu... Nas insónias, em que o pensamento vagueia para longe. Nas inseguranças, em que imagino o pior cenário possível para o desfecho. Nas incertezas, no medo de falhar mesmo antes sequer de tentar. Boicoto todas as formas possíveis de tentar conseguir tudo o que quero.

Tornei-me minha inimiga principalmente quando olhava a minha volta e pensava que a vida não era assim tão generosa comigo por me afastar daqueles que gostava, ou até daqueles que eu achava que gostavam de mim. Daqueles que duvidavam de mim, tal como eu.

Só agradeço por isso. Largaram-me a mão na hora certa...

Os pensamentos atraiçoa-nos. Tal como as inseguranças e os medos...

Sinto-me perdida entre eles... Sempre à espera de me encontrar.


"- Carla, o que procuras?

- A mim mesma."