quinta-feira, 4 de agosto de 2022

O Salvador cresceu, e agora?

 Tenho lido bastante os meus textos antigos e todos aqueles sobre o Salvador mexem com o meu interior de uma forma angustiante. ELE ESTÁ A CRESCER!

Bem sei que faz parte do processo da vida. Mas isto passa a voar e nem damos conta dos anos passarem. Ainda não consigo acreditar que o meu bebé vai fazer seis anos e já vai para a primária. Alguém me consegue explicar como é possível isto estar a acontecer se ele nasceu ontem?

Estou assustada, não vou mentir. Estou, sobretudo, com medo do mundo que ele vai conhecer, da maldade que lhe vai aparecer, de todo um aglomerado de situações, que nós também passamos por elas, para nos fazerem crescer, mas que não queremos que aconteça aos nossos filhos.

Gostava de ter o super poder de o colocar dentro de uma bolha e protegê-lo de tudo. Quantas de nós não gostaria? Gostava de lhe poder dar a mão quando ele se sentir perdido e não estiver perto de mim. 

Salvador,

o teu nome faz jus à minha vida. Vieste transformar-me, dar mais cor, mais vida, mais alegria. Clichê estas palavras de mãe babada, mas quem tem a felicidade de privar contigo sabe o menino especial que és. Inteligente, curioso, traquina... Um infindável número de qualidades. 

Com esse teu jeito meigo foste conquistando tudo e todos à tua volta, com as tuas conversas surreais e os teus interesses anormais para uma criança da tua idade fizeste-nos perceber que o mundo seria um lugar limitado para tanta coisa que querias descobrir. Querias ser paleontólogo aos 5 anos, agora que vais fazer 6 já queres ser cozinheiro, acho que nunca vou perceber esse teu interesse súbito.

Sabes todos os nomes dos dinossauros, o que comem, como são, quantos ossos tem, como se extinguiram, tudo, tens livros que nunca mais acabam, porque mesmo sem saberes ler, sabias o que lá estava escrito e explicavas-nos na perfeição, para não falar nos documentários que nos fizeste ver.

De repente começaste a gostar do sonic, e mais uma vez, decoraste o nome de todos os personagens, começaste a encher a nossa sala de desenhos e desenhos, lápis e marcadores e ficas feliz com isso.

És um menino especial. E não me vou cansar de o dizer. Por seres meu filho, por seres um bebé arco iris, por seres o amor que transbordo pelos poros, por me ensinares a viver, por me fazeres feliz e por me deixares ser a mãe que sempre quis ser.

Se soubesses o quão feliz sou por ter e o orgulho que sinto por me teres escolhido por ser tua mãe...

Como já disse várias vezes, consigo escrever seja sobre o que for, mas sobre ti, faltam-me sempre as palavras.

Sentir-me-ei sempre orgulhosa de ti, escolhas o caminho que escolheres.

Só quero que continues a sonhar e a ser feliz, sempre.

Para sempre, o meu bebé.



quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Ser...

 Percebi que quando tento não escrever sobre mim, as palavras não se soltam nas teclas com tanta facilidade. É como estar a fingir que não escrevo aquilo que realmente estou a sentir. E isso não é, de todo, verdade.

Tenho procurado inspiração para cá vir em tantas coisas. Mas não minto que me sinto sempre retraída quando quero dizer alguma coisa. Há tantos sentimentos ainda presos dentro de mim. E se á uns anos escrevia com tanta facilidade, agora sinto-me um escritor sem inspiração.

A vida tem-me ensinado muito, sobretudo a olhar para a nossa passagem de forma mais tranquila. A entender os propósitos e a lidar com as dificuldades com outro ânimo. Ser mãe ajudou, em todos os aspetos.

Magoa-me ainda perceber que determinadas atitudes minhas são interligadas a um luto, como me magoa saber que uma certa percentagem das pessoas que lidaram comigo não souberam gerir essa situação da melhor forma, ou se calhar lidar comigo da melhor forma.

No entanto, eu tornei-me muito mais do que a mulher que perdeu um filho.

Eu tornei-me numa mulher com mais sonhos, com mais ambições, com mais certezas, mas sobretudo mais feliz. 

Ora vejamos:

Uma crise existencial aos 30 é como não saber qual o sabor do gelado que queremos aos 5 anos.

Todos os dias procuramos respostas para tantas coisas, e tão poucas vezes encontramos o propósito de outras. Recorremos ao método do balde de gelado quando estamos tristes, às musicas melancólicas, com a mesma velocidade como quando colocamos a música alta e dançamos no meio da sala.

Deixamos por fazer tanta coisa, como fazemos tudo no mesmo dia sem nos importar se amanhã iremos ter mais tarefas. 

Amar o Fábio aos 30 não tem nada a ver quando me apaixonei aos 16 anos. E sobre isso, escreverei noutro dia, porque merece destaque numa publicação só.

Ser filha aos 30, bem, ser filha aos 30 é fazer palpitar o coração com medo. Porque sabemos que os anos estão a passar, os dias contam, e viver praticamente 365 dias longe deles torna-se num aperto inexplicável. Sabem o que sinto? Que me estão a largar a mão, e nem a palavra finalmente faz sentido nesta frase. Há sentimentos que abominamos e tentamos nem sequer pensar neles, mas mentiria se não dissesse que tenho tanto medo do amanhã...

Ser mulher aos 30... Tanto para dizer, mas vai ficar para a próxima...


Carla Salgado



terça-feira, 2 de agosto de 2022

Fluir


 É ao escutar uma música que com a pele de galinha sorrimos perante tantas situações. 

É ao som daquelas batidas ritmadas em consequente do nosso coração, que percebemos que se calhar também palpitamos por outras pessoas.

É sobretudo na melodia, que encontramos as palavras certas mas também a certeza de tantas outras coisas. 

Contudo, é no decorrer da nossa vida e dos momentos que ganhamos outra perspetiva, outras emoções, outros sentimentos. Por ora, continuo a deixar fluir a vida, ao ritmo da música, na melodia da intensidade dos meus sentimentos. Como sempre foi.

Este ano, no tornado de emoções às quais estou tão habituada a viver, percebi que chegar aos 31 me fez ganhar uma perspetiva de vida completamente diferente. Olhar para certas pessoas de forma diferente, viver de forma mais descontraída, amar com muito mais intensidade, apaixonar-me mais pela vida e agarra-me às oportunidades como se fossem as últimas a surgir.

Conhecer novas pessoas e deixar ir outras será sempre o ponto crucial. Se à uns anos olhava para isso com revolta, hoje é com aprendizagem. Há sempre alguém a chegar até nós para nos ensinar ainda mais. É assim o ciclo da vida. 


Vamos continuar a deixar fluir...

E que eu volte sempre aos lugares onde me fazem feliz, aqui.












Carla Salgado