quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Há de Haver

 Há sempre uma luz, seja o sol que brilha, seja a lua que ilumina, o semáforo que se acende, a vela que nos transmite, o fogo que nos aquece, há sempre uma luz. 

Há sempre forma de contornar as situações, há sempre um caminho com saída, há sempre uma estrada sem buracos. Há sempre opção. Há sempre solução. Basta procurar, basta percorrer o caminho certo e seguir a luz. Não é fácil, não é óbvio, não está sequer tão visível como gostaríamos que estivesse, mas está, mas há.

Por vezes seguimos na estrada e paramos em vários apeadeiros. Alguns permitem-nos alimentar as emoções e sucumbir dos problemas, outras precisamos de abastecer o coração e levá-lo a acreditar, algumas ainda nos fazem albergar, sem data de partida.

Encontrámos na estrada da vida a fonte que nos revitaliza. Transparente, para podermos ver além do que está à vista, límpida, para nos mostrar que o caminho pode ter sido sujo de indecisões, mas o destino será sempre cristalino. Fresca, como a alma que nos suga para voltarmos ao caminho.

A vida não termina no destino. Recomeça!

domingo, 23 de janeiro de 2022

Passaram-se...

 ... noventa meses e dez dias... E ainda dói. Não com a mesma intensidade, não com aquela agonia que me sufocou durante meses. Mas dói, e está entranhado em cada pensamento que em mim flui e em cada palavra proferida. Em cada letra que escrevo, mesmo quando sorrio, ainda dói.

Há sentimentos que o ser humano abomina, a dor é uma delas. Mesmo que precisa, e que no fundo nos ensina, não a queremos. E em cada dia que passa, e em tantas dores diferentes, ela marca e cicatriza na nossa alma. 

A vida passa, corre, flui, esmorece, mas há dias que quando o sol nasce para brilhar, mas sobretudo para nos sorrir, a dor não desvanece e faz questão de dizer "estou aqui".

Ainda choro, ainda que sozinha, choro uma ausência que me marcou para o resto da vida, choro a falta que sinto e o amor que ficou por dar, choro a dor. Choro mais ainda quando as pessoas acham que dizer "agora tens o Salvador" fosse apagar ou amenizar a dor de não ter o Francisco. Entendo-as, claro, tenho a capacidade de ser empática em muita coisa na minha vida, mas continua a doer, e só quem sente essa dor entende cada palavra que aqui escrevo.

Não quero pena, não quero olhares dolorosos, quero empatia. O silêncio por vezes é melhor que tentar dizer a palavra certa.

Noventa meses de uma ausência, e de um sonho destruído. Mas não posso dizer que foi o tempo em que mais cresci e aprendi na vida. Sobretudo aprendi a lidar com a dor de outra forma, aprendi a lidar com a ausência, aprendi a amar de outra forma, aprendi a viver. Mas ainda não aprendi a fazer o luto, e esse, acreditem, é o que mais custa neste processo todo.

São anos a escrever sobre o mesmo tema, a mesma pessoa, mas para mim, que escrevi aqui passo a passo de toda a minha gravidez do Francisco, é importante continuar aqui a escrever sobre o sentimento que ficou. Não interessa se é um sentimento bom ou mau, interessa que é meu, transparente e verdadeiro.




Para ti meu amor, continuas a ser a outra metade do meu coração. Nunca esquecido. Para sempre amado. 


sábado, 8 de janeiro de 2022

Decisions decisions!

 Por vezes tomar uma decisão torna-se tão dificil como subir na balança. Porque acreditem ou não, esse passo é muito complicado de dar e podia aqui evidenciar, mais uma vez, o medo que se apodera de nós só de saber que os números podem ter aumentado.

As decisões são também um peso na nossa vida. Um peso que se não for bem cuidado, é como açúcar encaixado nas nossas coxas. E raras são as vezes que tem fácil solução.

Para tudo na vida temos termos de comparação. E passamos a vida a comparar tudo a tudo!

Quando queremos tomar verdadeiramente uma decisão procuramos respostas em todo o lado, nas pessoas que nos cercam, na pessoa que está ao nosso lado, nos exemplos de quem conhecemos, nos sinais que a vida nos dá. Bem, este último deixa muito a desejar, porque nem sempre estamos atentos a tudo que nos rodeia. Seja o sol que nasce já brilhar, como acordar com o som da trovoada. Mas tentamos sempre boicotar uma decisão com outra mais fácil. Vejamos, é como sabermos que temos de começar a dieta, mas dizemos que só começamos amanhã.

Nada é fácil, e todas as decisões tem consequências em determinados pontos da nossa vida. Seja profissionalmente, seja nas relações pessoais. Viver em comunidade é fazer com que as nossas decisões não afecte a vida do outro. Essencialmente os nossos filhos e os nossos companheiros.

Sabem é o que é mais importante? Não nos colocarmos de lado, para satisfazer as vontades, ou as necessidades que achamos que os outros tem.

E o melhor conselho que posso dar, é não desistirmos de lutar por algo que queiramos muito, por acharmos que vamos descompensar em alguma coisa na vida.

Porque todas as decisões têm consequências.

O importante é não as boicotar!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Aprender a andar...

 "Preciso dar um rumo à minha vida antes que ela me arrume!"

Hoje aprendi muito, numa sessão com a psicóloga que equivaleu a duas pastas de chocolate daquelas que nos deixam anestesiadas e completamente satisfeitas (sem sentimento de culpa!)

O ser humano torna-se bastante complexo e complicado, deixamos as oportunidades passar e depois sentamo-nos à espera que elas regressem, como que um comboio que pára sempre no mesmo sitio. Deixámos de lado a coragem e a ousadia para dar lugar ao medo e ao tanto usado "eu preciso, eu necessito", como se fosse uma carência incutida dentro de nós de que viver uma vida paralela àquela que temos fosse uma necessidade básica. É lei da sobrevivência vivermos em constante medo do que vai acontecer amanhã. Mas será necessário? Será mesmo necessário todos os dias vivermos com os "porquês?" os "e se?", será mesmo válido vivermos numa constante dúvida?

"Vive rapariga, aproveita a vida!"

Uma coisa é certa, cada vez mais quero trabalhar estes pensamentos. Para que os meus queixumes passem, de uma vez por todas, a ser as minhas conquistas. Que todos os objetivos que estabeleço na minha vida comecem finalmente a serem cumpridos e não deitados por terra.

Que o mordomo continue a passar por mim e a deixar sempre uma bandeja de oportunidades, mas sobretudo que eu as saiba saborear como se de um chocolate se tratasse.


Quem me segue sabe que aqui, é o meu sitio preferido, o meu refúgio, sobretudo o único sitio onde eu consigo expressar o que verdadeiramente sinto. Tanto tempo a conseguir apenas exprimir-me por escrita o que nunca consegui proferir em palavras certas.



Hoje descobri que, se calhar, até sei expressar-me, e do nada encontrei o meu segundo refúgio, onde sou ouvida e nunca julgada, e que não serve apenas para consular…

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Desabafo...

É no silêncio que ouvimos os nossos pensamentos. É no escuro que vemos os nossos medos. É à noite que mais tomamos decisões. É também a noite que traz as insónias. Os medos. As lágrimas.
Por vezes era importante falarmos de saúde mental e como ela consegue ser tão importante no nosso quotidiano. Como vemos tantos vídeos e posts no ginásio sobre alimentação saudável e estilo de vida saudável, quando a nossa mente está completamente doente. Não estou, de todo, a inferiorizar um assunto, mas sim a tentar dar mais ênfase a outro.
Se calhar evito imenso falar neste assunto porque acaba por ser o meu maior problema. Ter uma saúde mental que me desleixei por completo quando devia ter sido tratada, e por consequente um estilo de vida igualmente destruído. Acreditem ou não, são duas mãos que se unem para a qualidade de vida.
Não sou ninguém para aconselhar a melhorar uma coisa ou outra. Porque no fundo preciso de motivação para ambas as coisas.
No decorrer da pandemia, quando fui presenteada com os fantásticos ataques de ansiedade e de pânico ganhei forças para pedir ajuda, e desde então tento não descorar dessa ajuda. Porque é importante, porque é necessária, porque só vou conseguir tratar do resto quando a minha mente estiver alinhada para o caminho certo.
Um ano passou e sinto que me tornei numa pessoa completamente diferente.
Eu era a que dava força a toda a gente para não ter medo de arriscar, para não ter medo de lutar por aquilo que quer, para ser feliz independentemente de tudo o que nos possa surgir. Eu fui sempre assim, fui à luta, mesmo quando hoje queria uma coisa e amanhã outra, eu ia atrás. 
Agora, não sei... Na vida precisamos dar dois passos atrás para conseguirmos dar três em frente, é verdade, mas nunca pensei, em momento algum, ter medo de viver. Porque por muitas palavras que tente arranjar para justificar, eu tenho medo de viver. Eu tenho medo de arriscar, de ir à luta e falhar. Tenho medo de desiludir, medo de não conseguir alcançar os tantos objetivos que traço na minha vida, tenho medo de não ser capaz. E no fundo sempre o tive, agora deixei que ele tomasse conta de mim.
Ao longo do tempo fui me apercebendo que realmente as coisas em mim mudavam, deixei de acreditar nas minhas capacidades, nas minhas faculdades e na verdadeira missão que a vida me deu, ser feliz. Sim, cheguei a acreditar que na verdade eu não ia e não teria o direito de ser feliz. 
A nossa mente é capaz disto. De nos trair desta maneira e nos fazer acreditar que não merecemos nada, quando na verdade temos sempre todo o direito de ser feliz e fazer tudo o que está ao nosso alcance para o ser.
É importante cuidarmo-nos, é importante acordar depois de um pesadelo e sorrir. É importante ver a luz do dia, mesmo depois das insónias. É importante sermos felizes...
Porque merecemos!

sábado, 1 de janeiro de 2022

Definição do ano 2021: "Resistência"

 No término de mais um ano, de mais 365 dias incansáveis e desprovidos de certezas, findo na minha alma o cansaço e o medo. Foi um ano confuso, pouco compensador, cansativo mas importante. Por vezes precisamos dar um passo atrás para podermos dar dois em frente, e se eu porventura achava que mesmo assim terminaria o ano na calmaria da barreira que criei, pois uma vez o tiro saiu me pela culatra.

O meu último post falava da minha necessidade de recomeçar e lutar por algo que queria muito. E assim o fiz, dei inicio a tudo o que precisava para isso. Sabem quando chega o dia que tanto anseiam para finalmente começarem o tão desejado objetivo? O dia chegou, e tudo caiu...

Passaram sete anos do pior ano da minha vida... A perda do Francisco, a trombose venosa profunda, as tantas mudanças que se seguiram, foi a calamidade total. Tenho noção que a vida não é de todo um mar de rosas e vou continuar a ter momentos maus, dias maus, fases más e por aí diante. No entanto, nunca pensei que a nuvem que pensei ter destruído na virada do ano de 2014 para 2015 voltasse com tanta força e me pusesse mais uma vez no inicio de tudo.

Sentimento de derrota, de tudo perdido, de não mais conseguir seguir em frente, de não mais lutar, foram duas semanas com uma angústia dentro do meu peito, de tantos medos na minha cabeça, dias em que quis desistir, como dias que disse a mim mesma que isto era apenas outro obstáculo para eu mostrar à vida que ainda estou cá para levar com tudo à frente.

Tudo é bonito quando eu consigo aqui proferir palavras de coragem, mas nem sempre me sinto assim, e é importante saber que para ganharmos forças também temos de passar pelas nossas fraquezas.

E eu cá estou, para mais uma vez lutar...

Mas desistir, eu não posso!

Em prol de tudo isto, a minha retrospetiva de 2021 pouco tem de favorável. Não foi um ano que eu possa dizer que me senti feliz e realizada. Foram muitos altos e baixos, muitas pedras no caminho, muitas tempestades, alguns problemas no percurso. Mas passou, e eu continuo cá, com saúde mesmo que com mazelas. O meu filho continua lindo e saudável e com menos dois dentes. Digo que essa parte está me a custar assimilar, ele está a crescer!

2022 chegou, e eu não quero ter expectativas. Vou continuar a ser o que sempre fui, com feridas mas não deixar que elas me impeçam de caminhar. Quero que seja um ano surpreendente, quero ter saúde para continuar a ver o meu filho crescer, quero continuar feliz com o meu marido, mas sobretudo quero viver!

A vocês desejo que sejam sempre felizes, e nunca esqueçam que o amor é o combustível da vida.

Feliz 2022 *