quarta-feira, 3 de maio de 2023

Filhos de pais separados - Parte II

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Quando encontramos aquela que é a pessoa com quem queremos passar o resto da nossa vida, vem também uma bagagem recheada. Os pais, os irmãos, todos aqueles que têm ligações emocionais. Muitas vezes ouvimos "casaste com o teu marido, não com a família dele". Será bem assim? Quantas, quantas pessoas não passam uma vida inteira com problemas com o cônjuge por conta dos familiares? Quantas não são as famílias destruídas por ouvir opiniões alheias?

Não sei vocês, mas eu procuro várias vezes a minha mãe para desabafar, talvez para encontrar respostas que não encontro. E quantas vezes isso não poderá prejudicar um casal?

Quando há o término de uma relação, os nossos pais tendem a tomar partidos, principalmente pelo lado dos filhos. Olham para o outro lado do casal com rispidez, com desagrado. E a pessoa certa são sempre os nossos filhos.

E assim começa o pesadelo da Beatriz.

Entre fins de semana e guarda partilhada do pequeno Mateus, a relação da Beatriz e do Miguel era cordial. Os pais do Miguel não aceitaram bem o fim da relação de ambos. A aversão que ganharam da nora foi tanta que acharam que o melhor caminho seria fazer com que o Miguel nutrisse o mesmo sentimento.

O pai do Miguel, o Joaquim era alcoólico, a forma como tinha de se abstrair dos problemas que a vida lhe impunha, e como se não bastasse, quando a raiva se juntava à vontade de beber, as agressões tornavam-se num escape.

O medo da Beatriz, para além de que o filho pudesse, de certa forma, sofrer deste tipo de agressões por parte do avô, eram as conversas que tinham perto da criança. Coisas que pudessem dizer ou fazer sobre a mãe que se pudesse refletir mais tarde em alguma represália.

Quando Beatriz percebeu que as coisas não corriam bem em casa dos pais do Miguel, teve de se impor, e assim, a relação cordial que tanto preservaram em manter chegou ao fim. Começaram-se a denotar comportamentos diferentes no Mateus, assim como a forma como ele tratava a mãe. Miguel não queria assim tanto saber do filho como queria transparecer nas redes sociais, o lugar onde tudo é cor-de-rosa.

Tudo começou a ser diferente.

Mateus tinha apenas três anos quando viu os seus pais a separarem-se. Uma criança indefesa, que pouco ou nada conseguia perceber daquele assunto, senão apenas de que, já não iriam viver os três juntos na mesma casa.

 


continua (...)

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