Acho que se torna praxe vir escrever um dia antes do meu aniversário. Costumo fazer uma espécie de retrospectiva, mas este ano não estou para aí virada.
Cada ano é diferente, é um facto. Cada ano tenho uma nova história para contar. Não fosse eu um passarinho que gosta de voar e pousar de vez em quando num lugar e deixar marca (quem me conhece vai perceber o que eu quero dizer). Estou em constante mudança, também é um facto, e de cada vez que esta surge, eu digo a mim mesma que vou lutar pelo que quero verdadeiramente. Mas desisto. Porque tenho um filho e tenho medo que algo lhe falte, vou pelo caminho mais fácil. Porque tenho uma casa e gosto que nada falte em casa, vou pelo caminho mais fácil. Porque não sei o que me espera, vou pelo caminho mais fácil. Porque tenho medo, vou pelo caminho mais fácil. E assim desisto dos meus sonhos, dos meus objectivos para poder ter uma vida...mais fácil. Mas a vida tem me ensinado MUITA coisa. E apesar de já ter vindo a ensinar à algum tempo que eu não posso desistir de nada, a verdade é que só agora tive aquele click de acreditar que sou capaz de lutar pelo que quero. Ensinou-me sobretudo que eu consigo tudo o que quero, se fizer por isso, se lutar por isso, se der tudo de mim para conquistar tudo. Acho que já tive provas suficientes disso.
E então, 2018 é o ano dos objectivos finalmente cumpridos.
Agora, vou confessar que começo a ficar assustada ao ver os anos passar, a vida a passar, e tudo muda. Quando somos crianças queremos muito ser adultos, mas nunca paramos para pensar em como as coisas mudam. Observava muitas vezes os meus pais e desejava aquilo, ser grande, casar, ter filhos, e ser feliz. O que não é de todo verdade. Os meus pais em algum momento da vida de casados foram felizes, quero acreditar que sim, mas a verdade é que não houve o para sempre. Ser mãe sempre foi um sonho, sempre sempre, e achava eu que era a melhor coisa do mundo (e é, atenção!), e apesar de toda a gente nos avisar, a verdade é que não estamos preparados para as noites sem dormir, para os choros desentendidos, para as birras sem motivo, para a primeira ida à urgência, para o primeiro internamento, para a primeira queda... Bem, poderia ficar aqui a noite toda a dizer que no fundo, eu não estava preparada para nada disso. Casar, ai casar, que nas novelas é sempre maravilhoso, nos casais que vemos na rua, nos nossos pais, nos nossos irmãos, mas também não nos dizem da quantidade de vezes que vamos fazer as malas para sair de casa (acreditem que fiz algumas vezes), nas discussões absurdas, até mesmo nas discussões que voam pratos (no meu caso são saladeiras). Não estamos preparados para nada na nossa vida adulta.
Mas depois, crescemos.
O casamento é uma magia quando vivida com amizade, eu acredito que a base fundamental do meu casamento é a amizade que nos une à tantos anos. Os filhos, que são a melhor coisa do mundo, independentemente do que eu tenha passado não estou minimamente arrependida de ter sido mãe, às vezes acho que já o deveria ter sido à mais tempo. E passar os anos...A vida muda tanto, mas tanto...Sabem aqueles momentos em que querem lembrar-se de algumas recordações de infância e não conseguem? Começo a passar por isso... Começo a imaginar-me daqui a uns tempos comprar cremes paras as rugas, ahahahah :)
Que venham os 27, sempre com espírito de 20, sempre a sorrir, e sempre a lutar.
Beijinhos,
Carla Salgado