Há sentimentos que o ser humano abomina, a dor é uma delas. Mesmo que precisa, e que no fundo nos ensina, não a queremos. E em cada dia que passa, e em tantas dores diferentes, ela marca e cicatriza na nossa alma.
A vida passa, corre, flui, esmorece, mas há dias que quando o sol nasce para brilhar, mas sobretudo para nos sorrir, a dor não desvanece e faz questão de dizer "estou aqui".
Ainda choro, ainda que sozinha, choro uma ausência que me marcou para o resto da vida, choro a falta que sinto e o amor que ficou por dar, choro a dor. Choro mais ainda quando as pessoas acham que dizer "agora tens o Salvador" fosse apagar ou amenizar a dor de não ter o Francisco. Entendo-as, claro, tenho a capacidade de ser empática em muita coisa na minha vida, mas continua a doer, e só quem sente essa dor entende cada palavra que aqui escrevo.Não quero pena, não quero olhares dolorosos, quero empatia. O silêncio por vezes é melhor que tentar dizer a palavra certa.
Noventa meses de uma ausência, e de um sonho destruído. Mas não posso dizer que foi o tempo em que mais cresci e aprendi na vida. Sobretudo aprendi a lidar com a dor de outra forma, aprendi a lidar com a ausência, aprendi a amar de outra forma, aprendi a viver. Mas ainda não aprendi a fazer o luto, e esse, acreditem, é o que mais custa neste processo todo.
São anos a escrever sobre o mesmo tema, a mesma pessoa, mas para mim, que escrevi aqui passo a passo de toda a minha gravidez do Francisco, é importante continuar aqui a escrever sobre o sentimento que ficou. Não interessa se é um sentimento bom ou mau, interessa que é meu, transparente e verdadeiro.
Para ti meu amor, continuas a ser a outra metade do meu coração. Nunca esquecido. Para sempre amado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário