domingo, 27 de julho de 2014

Para ti, Francisco

Permaneceste em mim durante nove meses. Foste uma enorme surpresa para os teus pais. Conseguiste com que eu sentisse medo e a maior força do mundo ao mesmo tempo. Acariciei-te e amei-te desde o primeiro segundo. Imaginei-te como serias, discuti várias vezes com o teu pai sobre se gostarias mais de futebol ou de motas. A mamã sempre quis que escolhesses o futebol para podermos ganhar ao papá. A madrinha, para ajudar à festa até disse que te ia oferecer uma camisola do Porto. Em cada jogo que eu assistia tu davas-me um pontapé, e eu dizia logo ao papá que ias ter bons genes.
Nunca deixaste que me sentisse sozinha, todas as vezes que não tinha o pai do meu lado, tu mostravas que estavas ali bem presente. Sabes, ainda me lembro do primeiro pontapé que deste, estava eu de quinze semanas e deitada no sofá de nossa sala. O pai quis sentir, mas tu foste malandro e paraste.
Sabias que o pai tinha medo que não gostasses dele por ele não ter estado presente durante o tempo que estiveste na minha barriga? É um parvo, eu sei, eu também lhe disse que tu irias orgulhar-te muito dele por ele estar longe a trabalhar, a ganhar dinheiro para que nada te faltasse. Ele sempre que estava connosco mimou-nos muito e tu manifestavas-te. Muitas vezes eu não lhe dizia nada, fui mazinha, eu sei, mas o meu coração estava cheio de amor e felicidade por cada momento que passamos os três.
Assustaste-me tantas vezes com as contracções, não queria que nascesses antes do tempo, muito menos antes do papá chegar.
De todas as vezes que chorei, tu choraste comigo, desculpa por isso meu filho. Nunca foi minha intenção que sofresses. Mas sofreste, sofreste muito e hoje és um anjinho. O meu anjinho. Se soubesses o quanto eu gostava ter-te aqui comigo, mudar-te as fraldas, dar-te banho, vestir-te aquelas roupinhas todas que tinhas, levar-te a passear no carrinho que as tias e os tios ofereceram, e, acima de tudo, para te amar, amar muito, encher-te de beijinhos.
Estás longe de mim, muito longe, mas estás bem nas mãos de Deus. Eu vou amar-te para sempre. Eu e o papá. 

Nunca te vamos esquecer. E não fiques triste por nos veres a chorar, só estamos com saudades tuas.

És o nosso anjo da guarda.
Vais estar sempre, sempre nos nossos corações.

Para sempre.



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