segunda-feira, 21 de julho de 2014

Uma semana depois...

Num banco de autocarro, deparo-me entre os verdes dos campos, tenho vontade sorrir, logo coberta pela vontade de chorar. Não consigo esconder a dor, não consigo abstrair-me por um segundo que seja daquele sentimento que tanto quero evitar sentir. Só passou uma semana, ainda é muito cedo, tão claro como a água, mas eu preciso de sair deste buraco escuro, eu preciso reagir. Já à uns dias que não consigo aguentar uma conversa com quem quer que seja, não consigo ouvir vozes, não consigo olhar e sorrir sem que uma lágrima se solte. Poucas são as pessoas que entendem aquilo que eu sinto. Quando paro para pensar, pergunto a mim mesma se as pessoas entendem mesmo, ou simplesmente fingem entender para não levar nenhuma resposta ríspida?
Quando acontecem este tipo de coisas, seja com quem for, ouve-se logo a típica frase: agora descobri os meus verdadeiros amigos. Digo e repito-a vezes sem conta. Poucas foram as pessoas que sofreram comigo nestes dias. Poucos foram os que entenderam a minha dor, me deram espaço e tempo para pensar, entenderam os meus “nãos” e principalmente não me ignoraram. Esperam que eu me sinta preparada para falar, sair, dizem-me exatamente as palavras que eu quero ouvir. E no meio da imensa multidão que me rodeia, eu sinto-me sozinha… Claro que, há da mesma forma, aquelas pessoas que não fazem nada por merecer a amizade que nutro, nem tão pouco dizem as palavras certas, nem tão poucos os atos são demonstrados. Tal como nos casamentos, as amizades servem na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. E é assim que eu vejo as minhas, as poucas que continuam comigo, e cada vez menos…
O que mais senti nestes últimos dias, é que as pessoas que estão longe de mim, não convivem comigo, nem tão pouco me conhecem a 100% percebem tudo aquilo que eu digo, tudo aquilo que eu escrevo, vejo tanta gente a sofrer comigo, e apesar do sentimento não ser o melhor, ninguém imagina o quanto é reconfortante ver tanta gente do meu lado, tanto apoio, tantas mensagens que me ajudam a sorrir…
Eu espero pelo teu apoio, não foi uma semana nada fácil para os dois, mas esperava muito mais de ti, esperava muito mais carinho e acima de tudo compreensão. Não foi fácil ouvir, e saber tanta coisa e mesmo assim manter-me firme. Só quero que estejas sempre do meu lado, e agora, agora mais do que nunca, sei que o nosso lugar não é cá, muito menos longe um do outro.
Eu vou sofrer, e sei que vou sofrer a minha vida toda, mas esse sofrimento será amenizado, eu sei que ainda vou ter muito amor para dar. Nunca me vou esquecer, nunca. Eu sou mãe, posso não o ter aqui comigo, mas sou mãe, criei uma vida dentro de mim durante nove meses, nove maravilhosos meses. E vou amá-lo como amarei os irmãos. Ele está comigo, eu sei que está, vai estar sempre. E quando olho o céu, já não choro mais, sorrio para o anjinho que está lá em cima.
Deus dá grandes batalhas a grandes guerreiros.

É só mais uma batalha que eu vou vencer. 

Beijinhos,
Carla Salgado

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