quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Endometriose

Sei que devem estar a pensar que ultimamente utilizo com cada palavrão, mas a verdade é que este assunto caiu nas minhas mãos nestes últimos dias e despertou-me curiosidade. Costumamos dar o nome de estéril àqueles que estão impedidos de ter filhos. Pelo menos falo por mim, nunca outro nome me surgiu no caminho, até agora. Endometriose, uma das principais causas da infertilidade feminino em Portugal. E agora perguntam-me o que é isso?

A endometriose, é uma condição na qual o endométrico, mucosa que reveste a parede interna do útero cresce noutras regiões do corpo. Essa formação de tecido etópico normalmente ocorre na região pélvica, fora do útero, nos ovários, no intestino, no reto, na bexiga e na delicada membrana que reveste o pélvis. Entretanto, esses crescimentos também podem ocorrer noutras partes do corpo.
Este é um problema comum. Às vezes, ela pode ocorrer de geração em geração. Embora, normalmente, a endometriose seja diagnosticada entre 25 a 35 anos, a doença provavelmente começa quando a menstruação regular inicia. 

Causas

Todos os meses os ovários produzem hormonas que estimulam as células da mucosa do útero a se multiplicarem e estarem preparadas para receber um óvulo fertilizado. A mucosa aumenta de tamanho e fica mais espessa. Se essas células crescerem fora do útero, surge a endometriose. Ao contrário as células normalmente encontradas dentro do útero que são liberados durante a menstruação, as células fora do útero permanecem no lugar. Elas às vezes sangram um pouco mais, e são estimuladas novamente durante o ciclo seguinte.
  • Menstruação retrógrada - isso acontece quando o sangue da menstruação que contém células do endométrio retorna pelas trombas de falópio e cavidade pélvica ao invés de sair do corpo da mulher. Essas células endométricas perdidas instalam-se nas paredes dos órgãos da região pélvica e começam a crescer. Apesar disso, continuam a funcionar normalmente, como se estivessem no lugar certo.
  • Crescimento de células embrionárias - as células que revestem o abdómen e as cavidades pélvicas são originárias de células embrionárias comuns. Quando, no processo de diferenciação tecidual, as células que revestem o intestino podem converter-se em tecido endometrial e assim a endometriose pode aparecer.
  • Sistema imunológico deficiente - também pode causar a doença. tornando o corpo incapaz de reconhecer e destruir as células endometriais que crescem no lugar errado.
Após alguma cirurgia, as células do endométrio podem prender-se às incisões cirúrgicas. O sistema linfático pode, também, transportar células do endométrio para outras partes do corpo e dar origem a um quadro de endometriose em locais mais distantes, como o pulmão, por exemplo.



Fatores de risco

  • Começar a menstruar muito cedo
  • Nunca ter tido filhos
  • Ciclos menstruais frequentes
  • Menstruações que duram sete dias ou mais
  • Anormalidades no útero
Sintomas

  • Dor pélvica associada ao ciclo menstrual (dismenorreia)
  • Cólicas
  • Dores nas relações sexuais com penetração
  • Dores ao urinar
  • Sangramento excessivo durante os períodos menstruais
  • Infertilidade
  • Fadiga
  • Diarreia
  • Náuseas
Diagnóstico de Endometriose
  • Exame pélvico, em que o médico investiga a região pélvica da paciente, procurando por anormalidades, como massas anormais nos órgãos reprodutores ou cicatrizes.
  • Ultrassom, ajuda na identificação de endometriomas.
  • Ressonância magnética.
Tratamento
  • Medicamentos para controlar a dor
  • Medicamentos para impedir que a endometriose piore
  • Cirurgia para retirar as áreas afectadas pela endometriose
  • Histerectomia com retirada dos dois ovários.

O tratamento depende dos seguintes factores:
  • Idade
  • Gravidade dos sintomas
  • Gravidade da doença
  • Se a mulher deseja ter filhos.

Anticoncepcionais 
O tratamento pode envolver a interrupção do ciclo menstrual e a criação de um estado similar à gravidez. Para isso,são usadas pílulas anticoncepcionais com estrogénio e progesterona. 


Deixo aqui dois vídeos para perceberem um pouco mais sobre esta doença que consome uma em cada seis mulheres.
Por vezes não temos noção das doenças que se passam à nossa volta, por mim falo que ultimamente estou apenas focada nos meus tratamentos e na tentativa de descobrir o que se passou com o Francisco. Vivo com uma dor que perdi um filho, mas, e aquelas mulheres que vivem com a dor de não poder ter um filho? É preciso reflectir.
À poucos dias conheci a Silvia, poderia começar já a descrevê-la como uma mulher super simpática e divertida, mas essas qualidades são a olhos vistos. Sabem quando olham para alguém e o sorriso transmite alegria? É o que acontece com ela... Mas a verdade é que a Silvia sofre de endometriose. Descobriu à pouco mais de um ano após dois anos a tentar engravidar. Poderia tentar engravidar com tratamentos de inseminação mas optou por não o fazer, pois corre o risco de gerar um ser e não poder tomar conta dele. É de louvar estas atitudes. Acham que eu sou uma guerreira? Não estou sozinha nesta luta. A dor é diferente, sim, de certa forma oposta mas que se complementa a cem por cento.
Admiro, admiro de corpo e alma as pessoas que não desistem de viver com as adversidades da vida. A Silvia optou por cuidar de si, de tratar esta doença que viverá sempre com ela. Não desistiu, apenas reaprendeu a viver...

Para reflectir...

Beijinhos,
Carla Salgado

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