Penso que está mais do que na altura de te escrever. O Natal aproxima-se e a ganância das prendas de natal surgem. Tu sabes que todos os anos eu sou a primeira a fazer uma lista e a pedir um a um da minha família aquilo que quero, no dia 24 sou a primeira a me sentar perto da árvore e esperar ansiosamente pela meia noite. Sempre fui tão infantil nessas alturas, e ainda bem, não quero que o meu espírito natalício morra. Mas este ano é diferente, pode parecer cliché dizer estas coisas, mas não quero bens materiais. Não quero prendas. O que mais quero é ter a família reunida em volta de uma mesa farta. Quero amor, muito amor, e quero paz. O que eu mais queria não posso ter, eu sei que insisto sempre nisto, mas a verdade é que tive imensas expectativas para o Natal 2014 e essas mesmas me foram retiradas, sonhei com o primeiro Natal do Francisco porque no ano passado, nesta mesma altura foi a minha maior prenda. Parece que passou tanto tempo, a minha vida deu uma volta tão grande. Se no ano passado estava entusiasmada com tudo isto, este ano tenho o meu coração apertadinho. Como vai ser quando vir a Nair abrir as prendas do pai Natal e me lembrar que está ali a faltar alguém? Esperei tanto por esta altura, e apesar de estar imensamente ansiosa por estar com a minha mãe, o facto de pensar naquele dia está a dar-me um nó no estômago.
O Francisco devia cá estar, era o seu primeiro Natal, eu sei que com apenas cinco meses não iria estar a perceber nada, mas era o primeiro... Natal é uma época de amor, paz, entreajuda, estou com um sentimento tão esquesito dentro de mim, não sei se quero que ele venha depressa ou passe depressa...
Por isso, querido pai Natal, leva a todas as criancinhas deste mundo muitas prendinhas, principalmente aos meus três pestinhas, os outros dois vão estar longe, e apesar de pensarem que me esqueci morro de saudades... A vida é injusta? Perdi a pessoa mais importante da minha vida, e continuo longe das pessoas de quem gosto... Porque é que a vida nos separa em vez de nos juntar? É Natal, tudo deveria ser diferente não é?
Leva paz para todas as casas do mundo, ajuda todas as crianças a sorrir, a todas as mães que perderam os seus filhos e nestas alturas a dor parece ser maior tenham força e sorriam. Custa tanto mas temos de ser fortes e NUNCA baixar os braços.
É Natal, sorriam.
Sejam felizes,
Beijinhos,
Carla Salgado
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